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Gestor diz como funciona aplicação em crédito para infraestrutura

Com as vantagens para investir em títulos de renda fixa de longo prazo anunciadas na quarta-feirra pelo governo federal, aumentou o interesse sobre esses papéis. Embora o acesso ainda seja restito a pessoas físicas, um experiente gestor do fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica, Funcef, que já trabalha há anos com operações dessa natureza, explicou ao iG as peculiaridades dessas aplicações, que poderão ser atraentes em um futuro não muito distante.

Para o consultor especial da Presidência do Funcef, Umberto Conti, analisar o crédito de empreendimentos de infraestrutura será uma missão nova para investidores acostumados aos riscos mais tradicionais do mercado financeiro, mas há muitos gestores capacitados para isso no mercado. Enquanto ao emprestar a uma empresa o risco limita-se a ela pagar ou não a dívida, no caso de uma obra, há diversos elementos alheios às empresas que podem complicar o fluxo de pagamentos.

Esses ativos já existem no mercado financeiro, na modalidade de debêntures, letras financeiras ou mesmo Cédulas de Crédito Bancário (CCBs), mas seu universo de investidores é mais restrito, principalmente entre fundos de pensão. A Funcef é um dos principais investidores desses títulos de crédito de longo prazo para infraestrutura no Brasil, além de aplicar em mais de cem empresas, no modelo “private equity”.

Segundo Conti,é possível encontrar oportunidades com retorno bastante interessante em títulos de renda fixa de infraestrutura, com rendimento de 11% ao ano, além da inflação, por exemplo.

Essa rentabilidade dos títulos de renda fixa para infraestrutura têm menor ligação com a taxa básica de juros do que outros títulos disponíveis no mercado, de mais curto prazo. Daí a conclusão do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, de que a disseminação desses investimentos será maior quanto maior a expectativa dos agentes financeiros de queda da taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano.

“Mas não adianta olhar só para a taxa (de retorno)", diz Conti. Para investir em dívidas como essa, é preciso dominar os fluxos de pagamentos, avaliar garantias reais e avaliar todas as variáveis de risco, explica. Essas emissões também costumam ser acompanhadas de análises de risco efetuadas por agências de rating, que dão uma ideia do risco de inadimplência.

Com as novas medidas, os investidores pessoa física serão isentos de imposto de renda ao adquirir debêntures emitidas por sociedades de propósito específico para obras de infraestrutura. Essas debêntures, porém, deverão ser inicialmente destinadas apenas a fundos ou a investidores pessoa física qualificados, segundo Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda. São investidores qualificados pessoas físicas com investimentos financeiros acima de R$ 300 mil.

Experiência prática da Funcef

A Funcef investiu em debêntures da concessionária Rota das Bandeiras, empresa do grupo Odebrecht que administra do corredor rodoviário Dom Pedro I, em São Paulo. A Funcef aplicou cerca de R$ 130 milhões em debêntures do empreendimento, com retorno de IPCA mais 9% ao ano.

A debênture da Rota das Bandeiras é um exemplo de título de renda fixa de longo prazo que receberá os benefícios das medidas anunciadas na quarta-feira. Nesse papel, o BNDES foi solidário com os demais investidores, adquirindo parte do valor total da emissão.

Conti, da Funcef, explica, porém, que essa debênture tem período de 12 anos de maturação e carência de 3 anos. Ou seja, antes de três anos, a Funcef não pode exigir remuneração da Rota das Bandeiras pelo investimento.

Outra aplicação em título de empreendimento de renda fixa feito pela Funcef foi a aquisição de CCBs do Porto Itapoá, em Santa Catarina. O porto, que será inaugurado no dia 22, foi uma obra de R$ 475 milhões, dos quais R$ 330 milhões foram financiados por meio de CCBs, emitidas em junho de 2009.

Além da Funcef, outra parte da emissão de CCBs do Porto de Itapoá foi adquirida pela Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. Segundo Conti, na aplicação dos CCBs de Itapoá, a Funcef conseguiu retorno de IPCA mais 11% ao ano, com prazo de 10 anos do investimento e carência de 3 anos.

Para Conti, da Funcef, os títulos de renda fixa de longo prazo de obras, como usinas geradoras de energia, são as novas Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), que rendem segundo a variação do IPCA. “O governo não vai pagar sempre taxas de IPCA mais 6% ou 7% ao ano, como atualmente.”  Para ele, portanto, no futuro, esses títulos poderão ser mais atrativos, se o juro básico cair.

Os fundos de pensão têm de atingir metas de rentabilidade anual, que costumam ser de inflação mais 5% ao ano, por isso estão buscando cada vez mais alternativas de investimento mais rentáveis do que os títulos do governo.

Fonte:Danilo Fariello, iG Brasília

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