Com a hidrovia, o custo do frete reduziria para R$ 60 a tonelada. Para escoar a safra seriam gastos
As 15 entidades de classe mais importantes de Sinop encamparam a causa. O grupo de trabalho quer transformar o plano de expansão elétrica do governo federal em um projeto para redesenhar a logística de transportes do território nacional. Uma obra que promete fazer o sertão virar mar, ou nesse caso, o Nortão de Mato Grosso virar porto de exportação.
O primeiro apoio político arrecadado foi do governador Silval Barbosa. Durante sua visita a Sinop, as entidades entregaram a proposta para construção da hidrovia Teles Pires-Tapajós. O documento revestido de estudos da ANA (Agência Nacional das Águas), DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) e Ministério da Agricultura, mostra a viabilidade da usina e o impacto que ela causará no cenário econômico. Com a hidrovia, o espaço entre o paralelo 11 e 13 (norte do Mato Grosso), se torna a melhor região para se plantar soja no mundo.
O plano é atrelar a hidrovia às 5 hidrelétricas projetadas pelo governo federal no Rio Teles Pires. Assim nasceria a primeira parte do canal que vai escoar um terço da produção nacional.
Argumentos econômicos
A região compreendida por 37 municípios produz 11,2 milhões de toneladas de arroz e soja por safra. A cultura de milho rende 3,6 milhões de toneladas, totalizando 14,8 milhões de toneladas de grãos. Toda essa produção viaja até os Portos de Paranaguá e Santos. São 2 mil km percorridos por rodovia ao custo de frete de R$ 220 a tonelada. Por safra são gastos com o transporte R$ 3,2 bilhões. O custo do frete reduz a competitividade dos produtores no comércio exterior, além de reduzir os lucros.
Com a hidrovia, o custo do frete reduziria para R$ 60 a tonelada. Para escoar a safra seriam gastos R$ 891 milhões. Uma economia de R$ 2,3 bilhões, que refletiria na competitividade da commodity e na rentabilidade do produtor. Isso sem contar na vantagem de sair de frente para o Atlântico Norte.
O custo médio de transporte por hidrovia é 60% menor do que em rodovias e 50% do que em ferrovias. Os impactos ambientais gerados são 95% menores que no modal rodoviário.
Se for implantada conjuntamente com as hidroelétricas, o custo da obra é reduzido em até 50%.
A pedido da ANA, o Ministério dos Transportes apresentou um estudo de viabilidade da hidrovia. A base de cálculo para o crescimento da safra foi de 6% ao ano, bem abaixo do real, até o ano de 2035. Na relação custo beneficio, a taxa de retorno do investimento chegou a casa dos 15%, o que é considerado alto. O retorno, apenas financeiro (VPL - Valor Presente Líquido), foi calculado em R$ 13,5 bilhões.
O cálculo frio do Ministério não leva em conta a redução de acidentes de trânsito, o desafogamento dos portos, a conservação das rodovias nem tão pouco os impactos financeiros em cascata, para essas regiões produtores. Ainda assim, foi um bom negócio.
Fonte:Mídia News/JAMERSON MILÉSKI/JORNAL CAPITAL
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