Se, internamente, o Brasil comemora a retomada do crescimento, é de fora que vem o contraponto. Para o setor externo, a expansão que se projeta para o País pode se tornar insustentável. Fatores como o baixo nível de poupança e de investimento, ao lado da falta de infraestrutura adequada, podem limitar a velocidade de avanço da economia brasileira. É o que aponta a revista britânica "The Economist" na edição da penúltima semana deste mês, segundo noticiou em seu site na internet a BBC Brasil.
"Pelo fato de o Brasil economizar e investir pouco, a maioria dos economistas acredita que a velocidade de crescimento deve ser limitada a 5% no máximo, para não entrar em colapso", afirma a revista, atentando para o fato de a economia brasileira poder estar crescendo em uma velocidade comparada ao crescimento chinês e que isto é um problema, pois "o Brasil não é a China".
A publicação afirma que o problema, na opinião dos críticos, é que grande parte dos gastos adicionais do governo está se tornando despesa permanente e a economia está começando a "ficar parecida com um carro com o acelerador preso ao chão", compara o artigo publicado pela Economist.
Infraestrutura
Ao mesmo tempo, outra publicação internacional também emite suas críticas em relação ao crescimento brasileiro.
Conforme a BBC, uma série de reportagens produzidas para um caderno especial sobre a infraestrutura nacional, publicado no dia 6 de maio último pelo jornal britânico Financial Times, aponta que problemas como o trânsito, as favelas, a precariedade dos aeroportos e estradas, e ainda a deficiência de saneamento estão atrapalhando o "futuro brilhante" do Brasil. Conforme a BBC, para o Financial Times, os planos estão na mesa: "a economia brasileira está crescendo, os investidores estão fazendo fila, mas mesmo assim, o novo futuro brilhante do Brasil parece ainda estar fora de alcance". E mais: "O panorama para a infraestrutura brasileira é profundamente irregular", dispara o jornal inglês, apesar de destacar a importância do PAC e dos gastos em infraestrutura para o desenvolvimento do País, mesmo com o programa ainda não tendo alcançado os objetivos previstos. "Analisando especificamente o setor industrial, o que se observa é que a indústria se aparelhou, investiu em novos setores como químico, petroquímico e construção civil. No entanto, ainda se tem o problema da falta de infraestrutura para suportar o crescimento dessa produção. Não tem como escoar. O País esbarra na logística. Poucas rotas internacionais, aeroporto insuficiente, estradas insatisfatórias, e isso deve anteceder o crescimento", destaca o economista e consultor internacional, Alcântara Macêdo.
Mas, segundo ele, no geral, os dados são otimistas. "O País constrói paulatinamente um processo de desenvolvimento econômico e social. Existe solidez, há uma maior combate à inflação, mas é fato que a produtividade ainda não alcança a necessidade que se tem", avalia.
"Entretanto, mesmo assim, o Brasil se diferencia em relação aos demais BRICs. Primeiro, pela segurança institucional. Estamos em um momento nunca visto. Segundo, porque a inflação está dominada, por conta do comportamento da política monetária, cujo combate é diário. Em terceiro lugar, pela independência do Banco Central, o governo não mexe nas decisões técnicas. Por fim, temos mercado para absorver os investimentos, o que por sua vez, ao darem certo, não se teme em repeti-los. Esses pontos, portanto, dão sustentabilidade ao desenvolvimento econômico do País", emenda.
(Fonte: Diário do Nordeste (CE)/ADJ)
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