A Autoridade Portuária de Santos (APS) informou, nesta terça-feira (11), que em 2025 ofereceu R$ 16,8 milhões em descontos sobre tarifas a navios e terminais que adotam práticas sustentáveis. Desde 2023, segundo a APS, o montante chega a R$ 40,6 milhões, como parte de iniciativas para atingir as metas de descarbonização estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (IMO) e pelo Acordo de Paris.
A APS afirma que abre mão de arrecadação para incentivar terminais a produzirem o inventário completo de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), além do detalhamento da matriz energética. E que os benefícios são concedidos também a navios “verdes”, aqueles que seguem normas internacionais sobre emissões de carbono e níveis de ruído. “Para a APS, não é perda de receita. É investimento”, disse o presidente da empresa pública, Anderson Pomini.
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Além da concessão de descontos, o projeto de redução de emissões da APS inclui a elaboração do Plano Diretor Energético (PDE) para o Porto de Santos. Para isso, em outubro de 2025, a autoridade assinou contrato com a Fundação Valenciaport para a elaboração de estudos específicos com prazo de finalização de 22 meses.
O plano vai traçar diretrizes e metas para descarbonizar as operações de todo o complexo portuário da Baixada Santista, tanto da APS como dos terminais portuários, dos navios que operam no porto e dos modais de transporte ferroviário e rodoviário. Estão previstas também ações para que o complexo faça a transição da energia oriunda de combustíveis fósseis, altamente emissora de CO2, para fontes mais limpas.
A APS informou ainda que, desde 2024, desenvolve projeto de eletrificação do cais, com energia limpa e renovável gerada pela usina hidrelétrica de Itatinga abastecendo os rebocadores que operam no local. Além disso, apoia o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PIT), que desenvolve soluções para o sequenciamento de caminhões e navios, reduzindo o tempo de espera e, consequentemente, as emissões.
O diretor de operações da APS, Beto Mendes, disse que é dever do porto, que é o maior do Hemisfério Sul, investir em inteligência e tecnologia em busca de eficiência e de sustentabilidade. Segundo Mendes, a parceria com o PIT visa alinhar o Porto de Santos às melhores práticas globais em operações portuárias.
A autoridade portuária informou que já está em estudos o aumento da capacidade de geração de energia da hidrelétrica de Itatinga, incluindo a produção de hidrogênio verde (H2V). A meta é que a unidade própria do complexo portuário, que hoje já atende a quase a totalidade da demanda energética da APS, possa abastecer diretamente parcela significativa de todas as operações do porto.
Além disso, as instalações de gás natural da Baixada Santista são vistas como diferencial para a transição energética, permitindo o abastecimento de navios com combustível de baixo carbono. Sidnei Aranha, superintendente de meio ambiente da APS, explicou que o objetivo é consolidar o complexo portuário como parte de corredores marítimos verdes, em que os pontos de chegada e de partida das embarcações asseguram o fornecimento de combustível de baixo impacto.
A APS afirmou que acompanha suas emissões com rigor desde 2021. A autoridade portuária acrescentou que elabora a cada ano seu inventário de GEE usando a metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol. O documento abrange cerca de 400.000 metros quadrados (m²) de áreas operacionais em Santos, Guarujá e Bertioga, além de 19,5 milhões de metros quadrados de áreas verdes sob gestão ambiental. Aranha acrescentou que o inventário é o orientador para decisões consideradas estratégicas. “Saber exatamente nossa pegada de carbono permite que cada investimento seja direcionado para onde há maior impacto climático", afirmou.















