O desenvolvimento econômico não pode vir separado do investimento público em infraestrutura, e essa deve ser uma das grandes preocupações de quem estiver ocupando a cadeira de governador do Ceará nos próximos quatro anos.
Este fator é um dos que mais contam ao investidor na hora de escolher uma locação para o seu empreendimento. Estradas em boa conservação, portos bem estruturados, oferta de água, energia e telecomunicações nos sítios industriais no interior são exigências à competitividade do Estado na briga por novos empreendimentos.
Por fazer
"Tem que se cuidar muito da infraestrutura, que, aqui no Ceará, ainda está por fazer", afirma o economista Alcântara Macedo. Ele admite que, nos últimos anos, foi feito um trabalho satisfatório no trato das estradas intermunicipais e interestaduais, mas aponta que é preciso criar mais vias de escoamento da produção do interior. "Além disso, é necessário melhorar os portos e aeroportos", reforça.
A concretização do projeto do Eixão das Águas, que levará água do açude Castanhão ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) é essencial para a concretização do complexo como o principal polo de indústrias do Ceará. O projeto, também conhecido por Canal da Integração, já dura uma década, mas deve, se os últimas previsões se concretizarem, ser concluído até o fim do próximo ano.
Em relação á infraestrutura portuária, o Porto do Pecém se encontra em ampliação para atender as necessidades da siderúrgica. A construção do Terminal de Múltiplo Uso (Tmut) liberará a área do Píer 1, hoje funcionando para carga geral, para movimentar produtos siderúrgicos. Contudo, esta expansão do porto ainda não é suficiente para o crescimento planejado da economia cearense.
A entrada em operação da refinaria - postergada para 2017 - e da Transnordestina - também atrasada e planejada, desta vez, para 2013 - exigem mais estrutura do porto.
Para isso, o projeto para uma segunda ampliação do terminal portuário já foi preparado e prevê recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão. A missão, a partir de agora, será garantir os recursos para estas obras através de empréstimos junto a instituições de fomento.
Conseguido o dinheiro, o governo precisará se apressar para concluir estas obras de forma que os novos empreendimentos não sejam prejudicados. O Porto do Mucuripe também precisa de melhorias, mas já está em processo de ampliação, com recursos federais. A dragagem do porto, que o permitirá receber navios de maior porte, já está em curso. Além disso, já se tem o investimento para construir o terminal de passageiros, que reforçará o seu potencial para o turismo marítimo. (SS)
POPULAÇÃO INSERIDA
Mão-de-obra tem que ser qualificada
"Não adianta siderúrgica e refinaria, não adianta grandes empreendimentos sem mão-de-obra qualificada", sentencia o economista e professor Henrique Marinho. Ele defende que a política de atração de novos investimentos não pode vir separada da formação da população para que esta possa se inserir ativamente nesse processo de desenvolvimento.
Grandes empreendimentos garantem, acima de tudo, a criação de uma elevada quantidade de empregos, o que, pelo menos a priori, já justificaria a entrada destes projetos, visto a necessidade de redução dos patamares de desemprego no Estado. Contudo, é importante garantir à comunidade muito mais do que empregos na construção civil e no chão de fábrica. Para isso, é necessário garantir oportunidade de qualificação, tanto técnica quanto superior.
"É preciso mudar a forma como a escola funciona. A aula funciona na sala, dissociada da realidade. O governo precisa focar não somente na educação tradicional, mas na profissional, formando mão-de-obra para estes novos empreendimentos", apregoa Marinho.
O economista observa que já há uma maior preocupação com isso, tanto do governo federal quanto do estadual, com a criação de mais escolas técnicas e institutos tecnológicos ao redor do Estado. "Mas é preciso fortalecer mais, porque a demanda será grande", reitera.
A expectativa é de que o Complexo industrial e Portuário do Pecém (Cipp) chegue a demandar, com os novos projetos estruturantes e com as indústrias que virão atraídas por estes, mão-de-obra superior a 121 mil empregos, entre diretos e indiretos.
Somente na Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), serão gerados mais de 15 mil empregos diretos durante o período de construção e, durante a operação, quando precisará ainda mais de pessoal qualificado, serão outros quatro mil diretos. Para a refinaria Premium II, serão cerca de 7.500 na fase de operação. Em construção no momento, deverá ser inaugurado no próximo ano o Centro de Treinamento Técnico e Corporativo do Pecém, que terá cursos nas áreas da construção civil, eletromecânica, química e petroquímica, capacitando cerca de 12 mil pessoas ao ano. O CTTC, que está sendo instalado em Caucaia, irá contribuir para reduzir essa carência. Para Marinho, é preciso ter oferta de pessoal qualificado para garantir mais indústrias. "A fábrica vai onde tem profissionais preparados". (SS)
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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