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Investimento em porto muda rotina da pacata Itapoá

O arquiteto Carlos Henrique Nóbrega deixou São Paulo para viver em Itapoá, ao norte do litoral catarinense, em 1999. Naquela época, o balneário de 27 quilômetros de praia tinha cerca de 8 mil habitantes. "Quando eu cheguei aqui, ninguém tinha endereço. Todo mundo era obrigado a ir buscar correspondência no correio", conta Nóbrega.

A cidade era procurada por paranaenses e catarinenses interessados em encontrar terrenos com preços abaixo da média do litoral de Santa Catarina. Uma praia com águas mornas e que oferecia certa tranquilidade aos aposentados que tinham projeto de aproveitar a vida perto do mar.

O anúncio de um investimento de R$ 475 milhões ajudou a mudar o curso da vida em Itapoá. Ao sobrevoar a cidade, em 1994, o empresário Hildo José Batistella encontrou um lugar interessante para instalar seu empreendimento. A profundidade natural de 16 metros em uma praia pouco habitada, na baía da Babitonga, parecia o local ideal para receber o projeto de um porto privado.

Com capacidade para movimentar 300 contêineres por ano, o porto Itapoá foi inaugurado em dezembro de 2010 e ajudou a cidade a dar um salto de 67,16% em população na comparação entre o Censo do IBGE de 2000 e 2010, quando foram contabilizados 14. 282 habitantes no município. Em 2000, eram 8.839.

Ainda em fase pré-operacional - o porto necessita da licença alfandegária -, a expectativa é que os navios comecem a chegar neste semestre. O empreendimento do Tecon Santa Catarina, em Itapoá, é formado pela parceria entre os grupos Aliança e Hamburg Süd, com 30% de capital, e a Portinvest, com 70%, composta por 60% de capital do grupo Batistella e 40% do Fundo de Logística Brasil (FIP), que é administrado pela BRZ Investimentos.

O atraso na entrega da SC-415, uma estrada de acesso ao terminal portuário, que vai encurtar em 14 quilômetros a distância percorrida pelos caminhões, também adiou os planos de início das operações. A previsão do governo do Estado é que em abril o trecho seja entregue.

Apesar de ainda não estar a pleno vapor, o porto já impulsionou mudanças na economia de Itapoá. O investimento, que chegou a ser colocado em dúvida por muitos na cidade, teve licença de instalação aprovada pelo Ibama em 2003. O mesmo ano em que o arquiteto Nóbrega passou a trabalhar no Plano Diretor da cidade, na época como secretário municipal. A partir daí, as ruas foram batizadas em sistema numeral.

O comércio e a vida social da cidade se desenvolvem ao longo da avenida principal, que vai mudando de nome em sua extensão de 42 quilômetros. A peculiaridade da via é o trajeto sinuoso. Itapoá foi formada por áreas de loteamentos, que em 1989 pertenciam ao município de Garuva. Quando os loteamentos foram aprovados, na década de 60, não houve preocupação de "encaixar" as ruas de um terreno com o outro. Por isso, a avenida principal acabou desenhada com joelhos e cotovelos, resquício da falta de planejamento urbano.

Desde o início, o Plano Diretor incluía o porto como um equipamento importante para a cidade. A retro-área portuária de 11,8 milhões de metros quadrados terá o ruído amortecido pela vegetação remanescente, para não interferir nas atividades turísticas do restante da praia.

O espaço já começa a receber os primeiros investimentos e a tendência é que empresas do setor logístico comecem a olhar com mais atenção para Itapoá. A Fastcargo, com sede em Campo Bom, no Rio Grande do Sul, foi uma das primeiras a adquirir terrenos. Em 2007, comprou uma área de 1,2 milhão de m2.

A primeira fase do empreendimento - um terminal para contêineres com 127 mil m2 de área - deve ficar pronto em novembro. Segundo Fernando Gomes Ferreira, diretor do Centro Logístico Integrado Fastcargo em Itapoá, o investimento previsto para a primeira fase é de R$ 120 milhões. A empresa tem planos de ampliação para o local e depende de licenciamento para dar continuidade à obra. Uma segunda etapa, com 96 mil m2, já está em fase final de aprovação e terá espaço para armazenagem de carga refrigerada.

Além da Fastcargo, a Maersk Brasil Brasmar investiu R$ 15 milhões em um terminal para armazenagem de contêineres vazios de 51 mil m2 na primeira fase. Segundo o gerente do terminal, José Adriano da Silva, na primeira fase haverá capacidade para 5 mil contêineres. A empresa está em fase de seleção e de trabalhadores e deve contratar 126 pessoas nos próximos meses. A intenção é iniciar as operação neste semestre.

O grupo Coopercarga, com sede no município catarinense de Concórdia, e que já atua na retro-área do porto de Itajaí, confirmou no começo deste ano a aquisição de uma área. Segundo informações da empresa, o terreno foi comprado por meio da cooperada Comlog.]

O projeto, que ainda está em fase de desenvolvimento, prevê um terminal de contêineres e uma estrutura voltada para o motorista, com posto de gasolina e restaurante. A Coopercarga ainda não tem um prazo para o início das operações.

Fonte: Valor Econômico/Júlia Pitthan | De Itapoá (SC)

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