"A abertura do capital serviu como um selo de governança, o que dá mais segurança para o cliente", diz o presidente da Julio Simões, Fernando Simões. O IPO rendeu à empresa uma captação de R$ 477 milhões, mas a maior parte ainda está em caixa. Segundo o executivo, os recursos que chegaram melhoraram as condições de captação de linhas de crédito, mas a empresa não dependia necessariamente da operação para levantar recursos para investir.
Outra importante mudança de lá para cá foi o nome: de Julio Simões Logística passou a JSL, absorvendo as marcas Lubiani e Grande ABC, empresas adquiridas entre 2007 e 2008. Mas agora, garante Fernando Simões, não há mais planos de aquisições: "Nosso crescimento é orgânico", diz.
A empresa estima ter investido próximo de R$ 760 milhões no ano passado - a maior parte disso, em veículos. A empresa é o maior comprador de caminhões do país, e sua frota hoje é de 23 mil ítens, entre automóveis, caminhões e carretas.
Fernando Simões está otimista com o período pelo qual a empresa está passando, que lembra a fase em que a companhia disparou na liderança do mercado, na segunda metade dos anos 90. Na época, câmbio sobrevalorizado e a reestruturação da economia impulsionaram mudanças nas grandes empresas, que apostaram na terceirização de sua parte de logística. "Até 1995 Volkswagen e Aracruz tinham frota própria", conta Fernando Simões.
Agora, observa, há de novo câmbio sobrevalorizado e empresas se reestruturando - ainda que desta vez para acompanhar o ritmo de crescimento da economia. Nos anos 90, o desafio era a abertura da economia. Com novas necessidades, indústria e varejo tendem a buscar novas soluções na logística - favorecendo a escolha de empresas de fora, como a Julio - para isso, analisa o executivo.
A especialidade da Julio é aquilo que chama de serviços dedicados - o fornecimento e distribuição de mercadorias para unidades industriais e comerciais -, que correspondente a 53% da sua receita. Foi exatamente a área em que mais cresceu, cerca de 37% apenas nos primeiros nove meses do ano. A maior parte, com novos contratos feitos com clientes antigos.
A empresa também tem em vista ganhar espaço com a piora do trânsito nas metrópoles e o surgimento de novas restrições ao tráfego de caminhões. Isso, para Fernando Simões, vai exigir adaptação das empresas, favorecendo quem é especializado no ramo. A própria Júlio teve de se adaptar, comprando veículos menores. "E acho que a expansão da entrega noturna será inevitável em São Paulo", diz.
A Julio tem um grande investimento em curso em um terreno de 500 mil m 2 pertencente ao grupo, em Itaquaquecetuba, a leste da capital paulista. A um custo total de R$ 150 milhões, a empreitada deve ter três fases - a primeira entrará em funcionamento já neste semestre. Trata-se de um galpão para transporte intermodal, ao lado de uma linha férrea da MRS. A primeira carga deve ser aço, vindo de Minas Gerais ou do Rio para distribuição na Grande São Paulo - com possibilidade de expansão.
A segunda fase deve ser a construção de mais dois grandes galpões na área, para assumirem a função de algo como um estoque avançado de grandes indústrias. Segundo Fernando Simões, com a necessidade de aumento da produção nos últimos anos, algumas indústrias engoliram sua área disponível para estoque. Com as novidades na área ambiental e na ocupação urbana, ampliar o terreno original ficou inviável, o que exige busca por saídas. Há alguns clientes potenciais para o projeto, diz Fernando, mas a obra só será lançada quando algo estiver fechado.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Teixeira | De São Paulo
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