O aumento da receita, combinado com a redução das despesas financeiras líquidas, permitiu à Kepler Weber ampliar em 70% o lucro consolidado no segundo trimestre em comparação com igual período do ano passado, para R$ 6,2 milhões. O desempenho foi positivo mesmo com a queda de 5,2 pontos percentuais na margem bruta da companhia, para 17,9%, provocada em parte pelo efeito negativo do câmbio sobre as exportações.
Conforme o diretor-presidente, Anastácio Fernandes Filho, a receita líquida consolidada da maior fabricante de silos e equipamentos para armazenagem de grãos do país cresceu 13,4%, para R$ 86 milhões. No acumulado do semestre, a cifra alcançou R$ 146,8 milhões, 1,6% a menos do que em igual intervalo de 2010, mas o desempenho foi suficiente para reverter o prejuízo de R$ 3,2 milhões apurado no primeiro trimestre e encerrar os seis meses com lucro de R$ 3 milhões, com alta de 109%.
O executivo explicou ainda que a empresa encerrou os seis primeiros meses com vendas contratadas de R$ 267,3 milhões - 16,4% a mais do que no ano passado - e que a maior parte da diferença entre esse valor e a receita líquida realizada de janeiro a junho, ou o equivalente a R$ 120,6 milhões, deverá ser faturada ainda neste ano, junto com as encomendas recebidas até setembro. "Não fazemos projeções, mas tudo indica que teremos um bom ano", diz.
No segundo trimestre as exportações da Kepler cresceram 55,8%, para R$ 20,1 milhões, enquanto a receita líquida com as vendas de silos e equipamentos para grãos recuou 7,1% no mercado interno, para R$ 50,5 milhões. Conforme o diretor-presidente, essa queda ainda reflete o "represamento" das entregas, provocado pela mudança das regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) no primeiro trimestre deste ano, quando a liberação de novos financiamentos chegou a ficar travada por pouco mais de um mês.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) recuou de R$ 10,6 milhões para R$ 10,3 milhões, mas o desempenho da companhia foi favorecido pela redução de R$ 3,4 milhões para R$ 316 mil nas despesas financeiras líquidas. Segundo Fernandes Filho, a dívida líquida da empresa cresceu 6,2%, para R$ 51,5 milhões, mas o endividamento bruto caiu no mesmo percentual, para R$ 154,3 milhões.
Até o início de 2012 a Kepler pretende concluir a adesão ao Novo Mercado da bolsa. A operação prevê a conversão, em ações ordinárias (ON), ou resgate e cancelamento dos 953,7 mil papéis preferenciais A e B (PNA e PNB) em circulação, de um capital total formado por 1,309 bilhão de ações. As PNA e PNB são remanescentes da reestruturação acionária e da capitalização feitas em 2007 pela companhia, que tem como maiores acionistas a Previ, com 17,6% das ações ON, o Banco do Brasil Investimentos (17,5%) e o investidor Fernando Francisco Heller (11,7%).
Segundo o executivo, a crise na Europa e nos Estados Unidos não teve reflexo sobre os negócios, pois a maior parte das exportações vai para a América Latina. Ele também informou que segue estudando oportunidades para a implementação de uma base industrial no Leste Europeu para compensar a sazonalidade das vendas atuais (o período da safra agrícola no hemisfério norte é invertido em relação ao sul), mas não há previsão de prazo para a operação.
No mercado interno, a maior crítica do executivo é contra a falta de uma política governamental mais eficiente de apoio à armazenagem. Segundo ele, o país enfrenta um déficit de capacidade instalada para armazenamento de 20 milhões a 30 milhões de toneladas, o que provoca perdas estimadas entre 5% e 10% da safra anual de grãos. Entre os principais problemas estão a excessiva burocracia no licenciamento para a instalação dos silos nas pequenas e médias propriedades e a falta de capacitação dos produtores para operar os equipamentos, explicou.
Fonte: Valor
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