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Leilão de terminais deve modernizar Santos

Maior complexo portuário brasileiro, o Porto de Santos convive há décadas com os problemas e as virtudes de seu gigantismo. Dotado de modernos equipamentos e contando com as principais operadoras de logística do país, Santos responde por 25,8% das movimentações da balança comercial brasileira, mas ao mesmo tempo é alvo de críticas pelos frequentes engarrafamentos nas vias próximas de acesso e pela demora na liberação das mercadorias, causada pelo intenso movimento de embarcações - apenas em 2012 foram 5.595 navios, uma média de 466 por mês. Esse frenético fluxo marítimo envolve 59 berços distribuídos em 13 quilômetros de cais em uma área total de 7,7 milhões de metros quadrados, que deve ganhar uma nova configuração a partir do resultado do leilão do primeiro bloco de terminais, que está marcado para ser realizado hoje.

"São mudanças que buscávamos há tempos para os arrendamentos que estão para se encerrar. Estamos otimistas com o interesse de investidores", afirma Renato Barco, presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). De acordo com o modelo definido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), haverá uma reconfiguração dos atuais 20 terminais para 11 novos a serem licitados, compreendidos nas regiões do Macuco, Outeirinhos, Paquetá, Saboó e Ponta da Praia. O objetivo é propiciar uma melhor eficiência operacional e maior movimentação de cargas a uma tarifa mais reduzida. O investimento previsto dos futuros arrendatários é de R$ 1,39 bilhão. Assim pretende-se obter um crescimento no volume movimentado dos atuais 105 milhões de toneladas (números de 2012) para um incremento de 17 milhões nos próximos cinco anos.

Os maiores investimentos estão voltados para os terminais na área da Ponta da Praia, onde se concentram os depósitos de grãos. Em 2012, açúcar, soja em grãos e milho foram as três cargas mais exportadas no porto, respondendo por 36,4% do total operado. Nesse trecho, os investimentos calculados são da ordem de R$ 473 milhões, que deverão ampliar a atual capacidade de 14,7 milhões de toneladas para 26 milhões de toneladas. As mudanças preveem reorganização da armazenagem, melhoria nos acessos ferroviários e soluções ambientais para mitigar os danos causados pela emissão de partículas.

Santos responde por 25,8% das movimentações da balança comercial brasileira

Os terminais que movimentam fertilizantes e que ficam situados em Outerinhos necessitarão de investimentos de R$ 190 milhões. Nessa área será feita uma unificação de terminais e o novo operador terá de investir em novos equipamentos de movimentação e aumento da capacidade de armazenagem. A capacidade atual, de 6,1 milhão de toneladas, deverá subir para 7,8 milhão de toneladas.

Para a movimentação de granéis líquidos (petróleo e subprodutos e óleos vegetais) a intenção é dinamizar a atual estrutura na Alamoa, com a reativação de terminais inoperantes, construção de armazéns e aumento de eficiência no atual terminal de Barnabé. O investimento exigido é de R$ 304 milhões e o aumento de capacidade previsto é de 74%, passando das atuais 11,1 milhão de toneladas para 19,3 milhão de toneladas.

Para a movimentação de celulose, estão previstas a construção de um novo terminal em Paquetá e o arrendamento de outro ponto no Macuco, o que deverá gerar um crescimento na capacidade da ordem de 194%, passando de 1,8 milhão de toneladas para 5,2 milhões de toneladas. O investimento previsto é de R$ 420 milhões.

E, finalmente, o leilão vai reorganizar a atual configuração dos terminais no Saboó, área em que predominam veículos, contêineres e carga geral. O objetivo é obter maior ganho de escala e aumento da eficiência operacional.

O novo modelo prevê um cais de 594 metros de extensão, que será dividido em dois berços: um berço a ser utilizado com exclusividade pela operadora vencedora e outro compartilhado por mais operadoras.

Maiores investimentos estão voltados para os terminais da Ponta da Praia, onde estão os depósitos de grãos

O leilão coincide com um momento em que o porto bateu recorde. De janeiro a setembro, foram movimentadas 85,7 milhões de toneladas, que é a melhor marca da história no período. Os números da produção nacional comprovam a importância de Santos para o escoamento rumo a outros mercados. Segundo dados da Codesp, o complexo responde pela exportação de 95% da produção de suco de laranja, 84% de carne bovina, 70% de café em grão, 69% de álcool etílico, 64% de algodão cardado, 63% de açúcar de cana e 47% de milho.

Inaugurado no fim do século XIX, a estrutura de acesso ao Porto de Santos não acompanhou ao longo do tempo o crescimento tanto do município como das demais cidades da Baixada Santista, região em que vivem mais de 1,8 milhão de pessoas. Nos últimos dois anos, a Codesp focou na melhoria do acesso rodoviário e ferroviário nas margens de Santos e Guarujá, com a implantação das avenidas Perimetrais. A primeira fase da Perimetral foi entregue em setembro no Guarujá. Em Santos, há o projeto de construção de uma passagem subterrânea para eliminar o conflito rodoferroviário no Saboó, além de da construção de um trecho entre o Macuco e a Ponta da Praia. Na área de infraestrutura de cais, está em andamento o aprofundamento de áreas do canal para 15 metros, o que facilitará o atracamento de embarcações de última geração. "Ainda não está perfeito, mas nos últimos dois meses já notamos uma melhora", afirma Barco.

As melhorias vão beneficiar também os que se utilizam dos terminais de passageiros. Quando finalizadas, as obras no cais permitirão a atracação linear de até seis navios de cruzeiro com uma oferta de 15,4 mil leitos flutuantes. Em 2012, foram registradas 251 atracações de navios de passageiros com um trânsito de 963.489 pessoas.

Apesar do empenho na modernização, recente estudo produzido pelo Instituto Ilos com profissionais de logística colocou Santos na penúltima posição entre 12 portos brasileiros. Segundo Paulo Fleury, diretor do Ilos, Santos é visto como um porto saturado por operar a 100% de sua capacidade, o que gera filas e demora nos procedimentos burocráticos. "O moderno padrão norte-americano defende que um porto deve operar com 65% de sua capacidade máxima para não gerar transtornos", afirma.

Fonte:Valor Econômico/Guilherme Meirelles | Para o Valor, de São Paulo






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