Um embate travado nos bastidores da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) se tornou público ontem durante audiência na Assembleia Legislativa. O Sindicato dos Auxiliares de Administração de Armazéns Gerais no Estado do Rio Grande do Sul (Sagers), que solicitou a audiência, acusa a direção da Cesa de falta de diálogo e de demissões de funcionários, enquanto a direção da Cesa acusa os próprios funcionários de inviabilizarem a empresa com ações judiciais milionárias.
O secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, afirmou que a companhia, que teve em 2010 um rombo de R$ 33 milhões, é vítima de uma quadrilha.
— O problema da Cesa é o problema mais ou menos de uma lavoura, em que um bando de gafanhotos destrói a lavoura. Se analisarmos friamente, podemos identificar claramente uma grande quadrilha que age para saquear o Estado — disse Mainardi ao falar na audiência realizada na Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo.
Mainardi afirmou que os R$ 33 milhões usados pelo Estado para socorrer a Cesa sustentariam um programa de correção da acidez do solo que alcançaria, em cinco anos, 75 mil pequenas propriedades de 10 hectares cada, com uma contrapartida dos beneficiários de apenas 10%.
— A situação da Cesa é muito complexa, tanto que ainda buscamos as origens de todo este rombo. Existem alguns mitos, como a de que é ela que regula os preços. Não, ela tem capacidade de armazenamento de apenas 2% de nossa produção. A Cesa é uma empresa, e não deve servir para fazer filantropia com o dinheiro dos contribuintes — disse Mainardi.
Dirigentes do Sagers afirmaram que Mainardi e o presidente da Cesa, Jerônimo Oliveira Júnior, serão interpelados judicialmente pelas acusações. O diretor de assuntos funcionais da entidade, Paulo Roberto da Rosa, disse que a nova gestão da estatal tem adotado “medidas arbitrárias” (como a demissão de dirigentes sindicais) que vão causar mais prejuízos. O sindicato reivindica um estudo para reestruturação da Cesa.
— A culpa do endividamento é do governo do Estado, não deste, mas de todos que agiram irresponsavelmente com a Cesa. Hoje está difícil até mesmo de pagar os fornecedores — alega Lorivar Pereira, presidente do Sagers.
Aumento de receita, redução de unidades e demissões de aposentados que seguem na ativa recebendo altos salários foram algumas das medidas apresentadas para sanear a Cesa. Uma subcomissão parlamentar, que teve sua criação aprovada, deverá analisar as causas do endividamento da empresa.
Fonte: ZERO HORA, COM INFORMAÇÕES DO SITE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/Adriana Irion
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