Minoritários da LLX, braço de logística de Eike Batista, levantaram dúvidas, ontem, se o empresário queria de fato comprar as ações em poder do mercado e fechar o capital da empresa, como foi anunciado no fim de julho. "Ficou parecendo que ele [Batista] quis dar ao mercado uma demonstração de força e confiança nos projetos da empresa", disse um minoritário depois de conhecida a decisão do controlador de não ir adiante com a oferta pública de aquisição de ações (OPA) da LLX.
Agora o empresário fica com mais munição em seu discurso de que os investidores precificam inadequadamente as ações de suas companhias na bolsa. A oferta foi retirada depois que o laudo de avaliação realizado pelo Bank of America Merill Lynch, a pedido dos acionistas minoritários, chegou a um valor para a ação da LLX entre R$ 6,94 e R$ 7,63. O preço mínimo sugerido nesse intervalo já é mais que o dobro dos R$ 3,13 oferecidos por Batista e pelo Fundo de Pensão dos Professores de Ontário (OTPP) para tirar a empresa da bolsa.
A ação da LLX caiu 1,26% ontem, cotada a R$ 3,13, mas durante o dia os papéis chegaram a recuar 12,6%, a R$ 2,77. A queda foi motivada por minoritários que estavam na expectativa de um aumento no preço da oferta, mas terminaram deixando as ações após o anúncio feito pelo grupo EBX, holding de Batista, confirmando que a OPA para compra de até a totalidade das ações em circulação no mercado estava suspensa.
Um minoritário que se desfez da posição de LLX disse que o laudo de avaliação foi bem feito, mas incorporou uma visão muito otimista dada pelo controlador em relação ao risco de execução de projetos no porto do Açu, principal empreendimento da LLX no norte fluminense. Como resultado, o valor para a ação no laudo ficou mais de 100% acima do preço fixado na OPA. Um analista afirmou que a avaliação do banco incorporou projetos do Açu de "baixa visibilidade".
Na visão de minoritários, a avaliação colocou uma espécie de teto de valorização para o papel da LLX a partir de agora. "Agora o papel volta a ser negociado sem a perspectiva de aumento de preço na oferta, que deixou de existir." A oferta foi lançada no fim de julho, quando o papel estava a R$ 2,96. Desde então, havia se mantido no patamar de R$ 3, com minoritários à espera de elevação do preço da oferta para entregar as ações. Batista havia afirmado que não elevaria o preço, enquanto os minoritários pediam um valor maior, algo comum nesse tipo de operação. Em nota, a LLX disse que a decisão de Batista não afeta os planos da empresa e afirmou que o Açu começará a operar em 2013. Mas para minoritários, a LLX vai gerar receitas em 2014.
Fonte: Valor / Francisco Góes e Ana Paula Ragazzi
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