Os navios de apoio oceanográfico Ary Rongel e polar Almirante Maximiano chegaram ontem da Antártica e estão atracados no cais do Porto Novo do Rio Grande. Pela manhã, teve início o descarregamento de parte do material que as duas embarcações trouxeram do continente gelado. Roupas, material de alpinismo, barracas, geradores pequenos movidos a gasolina e usados em acampamentos e refúgios, entre outros, ficam na Estação de Apoio Antártico (Esantar) da Furg, que faz a guarda e manutenção necessária destes itens. Outra parte do material que os navios trouxeram, incluindo lixo resultante do incêndio de grandes proporções ocorrido na base brasileira - Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) - em fevereiro, vai para o Rio de Janeiro.
Na operação de recebimento da carga que fica em Rio Grande, concluída no final da tarde de ontem, foram mobilizadas 15 pessoas da Furg, além de cinco carretas contratadas com motoristas, 20 marinheiros e 10 estivadores contratados para fazer o descarregamento das carretas na Esantar, localizada no Campus Carreiros da Furg. Conforme o diretor da Esantar, Gonzalo Velasco, muito do material que viria nos navios, como motos de neve e quadriciclos, se perderam no incêndio. O Ary Rongel e o Almirante Maximiano saíram da Antártica dia 7 deste mês e ficam até quinta, 26, em Rio Grande. Do porto rio-grandino, seguirão para o Rio de Janeiro, onde devem chegar dia 30, encerrando a etapa de bordo da 30ª Operantar.
Entre o material que veio nos navios e vai para o Rio de Janeiro, estão dois tanques de etanol, do projeto de implantação de produção de energia limpa na estação brasileira, que se encontravam em Punta Arenas e seriam levados para a EACF. Os outros quatros tanques, que foram para o continente gelado em outubro no navio de apoio oceanográfico, ficaram na área da estação. Eles não foram atingidos pelo incêndio. Já o gerador deles foi parcialmente destruído. O comandante do Ary Rongel, capitão de mar guerra Marcelo Luis Seabra Pinto disse que o incêndio na base brasileira foi muito triste, mas nenhuma das duas embarcações estavam lá na ocasião. Elas estavam em Punta Arenas, sendo que o Ary Rongel concluía reparos no motor e o Almirante Maximiano estava atracado para abastecimento.
O que restou da Estação Antártica Comandante Ferraz está fechado para o inverno. A maior parte do Grupo-Base veio para o Brasil em um voo de apoio. Dos 15 militares que compõem o Grupo-Base, quatro ficaram na base chilena para ir na EACF de vez em quando verificar a situação e atender alguma necessidade. Os três voos de inverno, de apoio a 30ª Operantar, serão realizados. Neles irão militares que revezarão com o grupo que ficou na base chilena. Seabra Pinto observou que, na próxima Operantar (31ª), a ser iniciada em setembro ou outubro, é provável que a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm) adquira módulos emergenciais (cozinha, dormitório) a serem instalados na base brasileira para o próximo inverno, considerando que a reconstrução deve demorar. Também está em estudo o aluguel de um terceiro navio para apoio no trabalho da desmontagem da estação e acompanhamento dos trabalhos de oceanografia e pesquisa.
No Rio de Janeiro, o Ary Rongel e o Almirante Maximiano receberão manutenção já visando a 31ª Operantar, quando deverão intensificar seus trabalhos como laboratórios flutuantes.
Fonte: Jornal Agora (RS)/Carmem Ziebell
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