Receba notícias em seu email

MSC

O velho movimento pró-barragem

Para Piracicaba, seria como encaixá-la sobre duas saídas logísticas.

Desde que o governador Geraldo Alckmin anunciou, em julho deste ano, quando esteve em Águas de São Pedro, o aporte de R$ 1 bilhão para obras da hidrovia Tietê-Paraná, iniciou-se forte mobilização, a partir do deputado federal Mendes Thame (PSDB, mesmo partido do governador), para acompanhar as novas etapas desta obra considerada, pelo menos desde os anos 1960, “fundamental” para o desenvolvimento de Piracicaba e região.

Para se entender a importância da hidrovia Tietê-Paraná, é preciso conhecer um pouco o mapa da região Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Com 1020 quilômetros de extensão, a hidrovia é dividida em quatro trechos, com início na Usina Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçú (na Tríplice Fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina) e segue pelo Rio Paraná até a barragem de Emborcação, em Minas Gerais, passando neste trajeto pelos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.

Além disso, a hidrovia tem ramificações em diversos mananciais. A proposta reavivada pelo governador Geraldo Alckmin – e antiga, é sempre bom salientar – é que seja construída uma barragem em Santa Maria da Serra, a pouco mais de 40 km de Piracicaba, onde seria possível a navegação de produtos agrícolas, trazendo a hidrovia ainda mais próxima da cidade, fazendo parte do sistema intermodal de toda a região. Seria como aproximar da cidade uma estrutura que movimenta mais de dois milhões de toneladas de carga por ano, com 12 terminais portuários.

Para Piracicaba, seria como encaixá-la sobre duas saídas logísticas. Do seu lado Sul, haveria a malha viária das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, ligadas pelas rodovias Luiz de Queiroz e Bandeirantes, sem contar ainda o Anel Viário, já iniciado pelo Governo do Estado de São Paulo. Do lado mais Norte da cidade, seria uma forma de embicar sua produção para o ponto mais central do Mercosul. Sem dúvida, preencheria sobremaneira uma lacuna logística do município, repito, pleiteada há mais de 40 anos.

Acontece, no entanto, que, como todos os grandes projetos, há muita dificuldade em traduzir boa vontade em investimentos de fato. No caso da extensão da hidrovia Tietê-Paraná, que, para os piracicabanos, é mais conhecida pela Barragem de Santa Maria, tudo, até hoje, não passou de especulações, sempre com um detalhe: suas mobilizações acontecem sempre às vésperas de eleições, especialmente municipais. Quando há alguém que precise despontar numa briga eleitoral, alça-se a barragem de Santa Maria como instrumento de primeira necessidade para colocar este alguém em evidência. É uma estratégia recorrente.

Desta vez, o que há é um anúncio do governador de investimentos de R$ 1 bilhão para “justificar” o atual movimento em prol da expansão da hidrovia Tietê-Paraná e, desta forma, legitimá-lo como algo a ser, agora, efetivo. Mas nada no horizonte próximo e no histórico dos últimos 40 anos garante que este não seja apenas mais um momento em que a se utilize a Barragem de Santa Maria para fazer política pré-eleitoral.

Fonte: A Tribuna/Erich Vallim Vicente


PUBLICIDADE








Shelter

   Zmax Group    ICN    Ipetec
       

NN Logística

 

 

 

  Sinaval   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira