Há 60 anos no negócio de fabricação de cadeados e fechaduras, o grupo Papaiz destina hoje a maior fatia de seus investimentos aos empreendimentos imobiliários. O grupo brasileiro, que mantém a administração familiar, criou em 2010 uma empresa dedicada exclusivamente à locação de galpões industriais: a Cicap. Foi um segundo passo na diversificação do grupo que hoje é formado pela Papaiz, fabricante de cadeados e fechaduras, e a Udinese Metais, de peças para esquadrias de portas e janelas.
O grupo planeja investir R$ 40 milhões nos próximos anos, dos quais R$ 30 milhões serão destinados à construção de galpões. Em um prazo de três a cinco anos, a empresa pretende ampliar a área construída em Diadema, no ABC Paulista, de 20 mil m2 para 40 mil m2, e fazer novas construções em uma área de 15 mil m2 em Salvador. Outros R$ 10 milhões serão destinados à aquisição de máquinas para modernizar a fábrica da Papaiz, na capital baiana.
Em meio às dificuldades vividas pelo setor industrial, a lucratividade da locação de galpões representa uma segurança nos negócios. "Isso é um porto seguro para a família", avalia Sandra Papaiz, filha mais velha do falecido fundador do grupo, Luigi Papaiz. Sandra está atualmente à frente da Udinese; seu irmão mais novo, Paolo, dirige justamente a Cicap; e seu cunhado, Ricardo de Mello Franco, comanda a Papaiz. Os três integram o conselho de administração e se revezam na presidência, hoje ocupada por Franco, mas a porta-voz do grupo, escolhida pela família, foi sempre Sandra.
Ela explica que os negócios da Cicap atualmente respondem por cerca de 30% dos lucros do grupo, que teve receita de R$ 220 milhões em 2011 e projeta faturar R$ 250 milhões em 2012. Sandra não informa o lucro em 2011. Mesmo com a desaceleração no setor imobiliário - recentemente a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção revisou a projeção de crescimento do setor em 2012 de 4,5% para 3,4% -, a avaliação do grupo é que se trata de uma área promissora e mais estável que o setor industrial. "[O ativo imobiliário] é como uma poupança, um bem de raiz da empresa, que tem que ser bem trabalhado", diz a executiva.
A entrada no mercado de locação de galpões aconteceu em 2008, quando o grupo decidiu transferir toda a produção da Papaiz para a fábrica, em Salvador. Sandra relata que em vez de vender os imóveis e terrenos, que são bem localizados, na Grande São Paulo, a família optou por alugar e viu que era uma ótima alternativa.
Entre as dificuldades de produção da Papaiz está a concorrência com os importados. A produção manteve-se viável nos últimos anos graças a uma medida anti-dumping que proíbe a entrada de cadeados chineses no país. No entanto, essa restrição precisa ser renovada a cada 5 anos. A Papaiz, aliás, está negociando, este ano, a renovação da medida com o governo, ao lado das concorrentes Pado e Stam. No caso da Udinese, a empresa vem conseguindo se manter na liderança do mercado, afirma Sandra. No entanto, o setor vem sofrendo com a entrada de produtos europeus no Brasil.
Mesmo com as adversidades enfrentadas na produção e com o aporte de investimentos majoritariamente destinado aos galpões, Sandra afirma que a vocação do grupo continua a ser industrial. Franco estima que os investimentos em maquinário e robotização devem elevar a produtividade na fábrica da Papaiz. O presidente do conselho acredita que a fabricação anual terá potencial para crescer 30% até o fim de 2013.
Com a rodada total de investimentos, o grupo pretende manter um ritmo de crescimento orgânico de 20% no faturamento pelos próximos cinco anos.
Fonte: Valor Econômico/Por Ana Fernandes | De São Paulo
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