A passagem de um navio pelo canal de navegação do Porto de Santos pode ter sido o motivo para a queda, nesta quarta-feira (4), de uma escada de acesso ao cargueiro The Able, que estava atracado no cais do Armazém 12A do complexo marítimo. A Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) investigará o caso e as condições de amarração da embarcação. Não houve vítimas.
O incidente aconteceu por volta das 7h30 na região do Paquetá. Neste momento, o The Able realizava o carregamento de 60 mil toneladas de milho, no Terminal 12A. Enquanto isso, o navio Pti Nile seguia para o terminal Ageo, na Ilha Barnabé.
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A passagem do cargueiro causou um efeito hidrodinâmi co na embarcação que estava atracada, fenômeno denominado Passing Ships (navios em passagem, em tradução livre do inglês). Isto acontece porque, com seu deslocamento e o movimento da água, o navio atracado é afetado, o que pode causar riscos, caso os cabos de amarração não estejam bem presos.
Segundo testemunhas, o The Able se deslocou após a passagem do Pti Nile. Isso fez com que a escada utilizada para o acesso à embarcação e barras de ferro caíssem no mar. Segundo o estivador Ricardo Cardoso, que estava no cais, o problema foi causado porque o navio trafegava rapidamente.
“Ele passou em uma velocidade muito grande. Entortou cabos e a escada virou e caiu na água. Só fiquei mais preocupado em correr, com medo de ser atingido por um cabo e morrer”, contou o estivador.
Mas segundo o gerente de Operações da Praticagem de São Paulo, Viriato Geraldes, não houve excesso de velocidade. “O limite é 9 nós (16 quilômetros por hora). O navio estava a 8,5 nós (15,7 quilômetros por hora)”, explicou.
Geraldes destacou que outros fatores podem ter causado o incidente. As condições de amarração do The Able são o principal ponto a ser avaliado.
Isto acontece por que, naquela região, há uma curva no canal, o que demanda ainda mais cuidado na navegação. O fato de terem sido instaladas defensas adicionais para manter uma distância entre o navio e o cais é outro fator que deve ser levado em consideração na hora da amarração.
Por fim, Geraldes destaca ainda a maré de vazante forçando um deslocamento ainda maior entre o navio e o cais. “O navio fica mais suscetível à mare e ela amplifica os efeitos de interação entre navios”, explicou.
O gerente da Praticagem relembra que há um estudo elaborado pela Universidade de São Paulo (USP), contratado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que administra o Porto de Santos, que analisou especificamente os efeitos da interação entre navios.
No material, os pesquisadores recomendam a elaboração de um plano de amarração para cada tipo de navio, de acordo com o local de atracação. Além disso, destacam a necessidade de uma fiscalização constante pela Autoridade Portuária.
Investigação
“Normalmente, os navios, durante a passagem, provocam movimentos nas embarcações atracadas. Primeiro elas se deslocam e depois voltam ao normal. Mas esse movimento não pode ser tão grande a ponto de causar um acidente”, destacou o capitão-de-mar-e-guerra Alberto José Pinheiro de Carvalho, comandante da Capitania dos Portos de São Paulo.
Segundo o oficial, a Autoridade Marítima vai priorizar duas frentes de investigação. “Vamos solicitar informações da Praticagem e da agência sobre a velocidade do navio que estava trafegando. E também verificar qual era o esquema de amarração e o estado de conservação dos cabos”.
O capitão dos portos explicou que peritos foram enviados ao local para apurar as primeiras informações. A conclusão das investigações deve ser conhecida em 90 dias.
Fonte: A Tribuna
