Novo "gate", no Porto do Pecém, visa desafogar o acesso de caminhões durante a safra, que se repete anualmente
Previsão é de que a medida seja implementada no próximo semestre, reduzindo atrasos e prejuízos
Berlim Todo ano, a história é a mesma: quando chega a época da safra, os empresários do agronegócio que comercializam seus produtos com o mercado exterior, em especial os da fruticultura, sempre reclamam da fila de caminhões que se forma em frente ao "gate" de entrada do porto, para vistoria da carga a ser escoada. Uma solução definitiva ainda não está em curso, mas uma medida que começará a ser implantada no terminal portuário no próximo semestre deverá desafogar, em parte, essa passagem, reduzindo os atrasos e, por consequência, os prejuízos dos empresários. De acordo com Waldir Frota Sampaio, assessor executivo e coordenador da área de Operações da Cearáportos - empresa que administra o terminal -, um novo portão começará a ser utilizado para a entrada de contêineres vazios, deixando a entrada principal apenas para aqueles com carga. "Só essa mudança reduzirá em 30% a 40% a movimentação no atual portão de entrada do porto", garante Sampaio. Hoje, um novo acesso, vindo pela praia e entrando pelo pátio de armazenamento, vem sendo utilizado para toda a movimentação decorrente das obras de ampliação do terminal, com a construção do Terminal de Múltiplo Uso (Tmut).
Vazios
Segundo o coordenador da Cearáportos, a partir do segundo semestre desse ano a entrada de vazios deverá ser feita por este acesso, dividindo espaço com as máquinas e caminhões envolvidos na obra do novo píer. Como o Tmut está previsto para ser entregue até dezembro deste ano, a partir daí, o acesso será exclusivo dos caminhões com contêineres sem carga, instalando-se, assim, o "gate" de vazios. "O vazio, apesar de estar sem carga, tem que passar por conferência do contêiner.
O operador ainda analisa se existe alguma avaria, e isso toma tempo. Com o novo "gate", a movimentação no porto será facilitada", aponta.
Como a safra começa em agosto, estendendo-se até dezembro, Sampaio, que está presente à Fruit Logística, em Berlim, acredita que a medida ainda não terá forte efeito para este ano, mas somente no próximo. Uma outra mudança que vai ocorrer, esta por determinação da Receita Federal, é que toda a parte de manutenção de contêineres vazios, feita dentro do terminal, deverá ser realizada em outro local.
"A Receita determinou que a manutenção não pode mais ficar em área alfandegada. mas o local onde isso será feito ainda não está definido, quem vai decidir são os empresários", explica. A alteração deve ser feita em até dois anos.
Pátio de cabotagem
Uma área ainda sem utilização, face àquela onde está sendo armazenado provisoriamente o minério de ferro de Sobral para exportação, deverá ser o novo pátio de estocagem de contêineres para cabotagem (transporte entre os portos do país) do Porto do Pecém.
A mudança é uma resposta à mesma determinação da Receita Federal, que exigiu, então, que toda a carga a ser exportada deve ficar isolada daquela que será enviada a outros estados brasileiros. Atualmente, todos os contêineres de carga cheia são estocados no mesmo pátio.
De acordo com Sampaio, as obras do novo pátio, que incluem a terraplanagem da área e posterior cobertura com piso de concreto, estão estimadas em R$ 2,5 milhões. Apesar de só ser criado por conta da determinação da Receita - que vistoria as cargas de importação e exportação, deixando a cabotagem às vistas da Secretaria da Fazenda -, o novo pátio deverá trazer benefícios ao porto.
"Ele vai aumentar a área de armazenamento para cabotagem e para importação e exportação. A cabotagem hoje possui espaço entre 12 e 15 mil metros quadrados, e passará, com o novo pátio, para 20 mil metros quadrados", justifica o assessor executivo da Cearáportos. A mudança deverá estar pronta em dois anos.
EXPORTAÇÃO
Diferencial do CE deve ser cada vez mais a logística
Em 16 anos, o Ceará saiu de uma exportação de frutas equivalente a US$ 874 mil para 105,6 milhões. Ou seja, de uma posição insignificante (0,5% do total nacional na época), o Ceará hoje é o segundo maior exportador do Brasil. Esse crescimento, segundo o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, foi conseguido com investimentos em capacitação, tecnologia e atração de novos negócios. Entretanto, outros estados já têm conseguido alcançar isto. Para ele, portanto, o diferencial, cada vez mais, está na logística. A expansão do Porto do Pecém e os investimentos em melhores mecanismos de operação no terminal têm garantido a posição privilegiada do Ceará, mas, segundo Bringel, serão necessários ainda mais investimentos no terminal para atender às futuras demandas.
"O Ceará construiu uma Petrolina em 16 anos. E, em cinco anos, o Ceará deverá dobrar a sua produção. O Tmut vai elevar em 50% a capacidade de armazenamento de contêineres, mas será preciso mais até esse período", diz.
"O conhecimento que nós adquirimos na fruticultura todos os estados do Nordeste já têm alcançado. Todos já têm tecnologia de produção. Agora, na logística é que ´o bicho pega´", destaca. "Quem tiver as melhores condições logísticas, ganha o jogo", garante. Hoje, Petrolina, em Pernambuco, um dos maiores polos de fruticultura do País, exporta pelo Pecém ou por Suape, em seu próprio estado, já que da localidade a ambos os portos, a distância média é a mesma: 800 quilômetros. "Já quem produz no Ceará, tem uma distância que varia de 150 a 200 quilômetros de Pecém, então, estamos com mais mercados. Mas, para garantir isso, é preciso a logística adequada", diz.(Fonte: Diário do Nordeste/SÉRGIO DE SOUSA)
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