A desestatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) deverá atrair consórcios liderados por grupos financeiros, em parceria com operadores estratégicos, segundo fontes do mercado. As propostas deverão ser entregues nesta sexta-feira (25), na sede da B3, em São Paulo. As gestoras de investimentos Vinci Partners e Pátria são apontadas como fortes candidatas a participar da disputa, em consórcio com operadores estratégicos que atuam na região.
A percepção é que pode haver dois ou três concorrentes, segundo o secretário Nacional de Portos, Diogo Piloni. “Já não havia expectativa de grande concorrência, mas estamos seguros que teremos proposta”, diz ele.
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Para Rodrigo Paiva, da consultoria Mind-Infra, a conjuntura econômica e a alta dos juros prejudicou a competição. “A Codesa é um bom ativo, mas o cenário não ajuda. Além disso, há alguns riscos envolvidos no projeto, como os passivos trabalhistas e incertezas em relação a licenciamento ambiental. São problemas que têm solução, mas que incomodam o investidor financeiro”, avalia. A percepção, porém, é que se trata de um projeto atrativo.
No mercado, o projeto é visto como um laboratório para a desestatização do Porto de Santos. No caso da Codesa, haverá a privatização da empresa combinada com a concessão dos portos de Vitória e Barra do Riacho, por um prazo de 35 anos. Trata-se da primeira desestatização de uma companhia docas no país.
Se, por um lado, a privatização de Santos é muito maior e tende a atrair grandes grupos, a Codesa tem vantagens. A percepção é que, por ser menor, o projeto no Espírito Santo traz muito menos risco, diz José Augusto de Castro, sócio do TozziniFreire Advogados.
Ao todo, estão previstos investimentos de R$ 334,8 milhões no contrato, que terá prazo de 35 anos, prorrogáveis por mais cinco.
Para Rafael Vanzella, sócio do Machado Meyer, caso o leilão tenha sucesso, será um precedente importante para tirar a desestatização de Santos do papel.
No leilão, que será realizado na próxima quarta (30), vencerá a disputa quem oferecer a maior outorga fixa inicial - cujo valor mínimo é simbólico, de R$ 1. Os interessados, porém, terão que desembolsar R$ 327 milhões para comprar as ações da Codesa. Além disso, a concessão prevê contribuições relevantes ao longo do contrato: deverá ser feito um pagamento de 25 parcelas de R$ 24,75 milhões, a partir do sexto ano; além disso, haverá uma contribuição variável, equivalente a 7,5% da receita bruta.
Procurados pela reportagem, do Valor, o Pátria e a Vinci Partners não quiseram comentar.
Fonte: Valor