Movimentação de produtos agrícolas mais que dobrou em dez anos, mas, apesar das obras, problemas continuam
Quando se trata de discutir gargalos que impedem um melhor desempenho do agronegócio paranaense, o primeiro que vem à tona é o Porto de Paranaguá. "É o principal", afirma o assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo.
Segundo ele, em 1999, a movimentação era de 14 milhões de toneladas de produtos agrícolas. Dez anos depois, o volume subiu para 32 milhões de toneladas. "Mas o porto é exatamente o mesmo, apenas a manutenção é feita e de forma muito precária pelos próprios usuários."
De acordo com Camargo, estudos de várias entidades ligadas aos setores produtivos apontam algumas necessidades nas malhas ferroviárias e rodoviárias do Estado. Nos últimos dez anos, em média 70% da safra é transportada por rodovia. O estado de conservação delas, principalmente as que foram entregues à iniciativa privada, não é alvo das críticas do assessor da Faep. No entanto, ele acentua a necessidade de se rediscutir os contratos com as concessionárias de pedágio, para reduzir o valor das tarifas. Um levantamento mostra que, em 2008, os produtores gastaram R$ 140,9 milhões em pedágio até o Porto de Paranaguá.
No setor ferroviário, um dos trechos mais reclamados é o que liga Guarapuava a Ponta Grossa, na região central. Os cerca de 80 vagões que seguem de Cascavel até Guarapuava numa média de 40 a 50 quilômetros por hora precisam reduzir a velocidade a 10 ou 20 quilômetros e desmembrar a carga, ficando com apenas 40 vagões, para percorrer o trecho até Ponta Grossa.
Traçado antigo, ele é repleto de curvas com aclives e declives acentuados. Uma proposta, discutida com os governos estadual e federal, é a construção de um ramal ferroviário de cerca de 80 quilômetros ligando Guarapuava a Ipiranga, onde passa a ferrovia Central do Paraná.
No entanto, Camargo acentua que não adianta nada melhorar a estrutura de transporte se, ao chegar ao Porto de Paranaguá, os produtos acabam represados. Um dos problemas é o calado nos berços de atracação, que deveria ser aprofundado.
De acordo com o assessor técnico da Faep, também há necessidade de modernizar os equipamentos, sobretudo o shiploader (que leva os produtos até os porões dos navios). "Os nossos estão com 15 anos, o que provoca demora no embarque", afirma. Segundo ele, informações sobre deficiências portuárias correm muito rápido entre importadores e operadores internacionais. "Pelo risco, a seguradora cobra mais e eleva a tarifa, o importador paga, mas diminui o valor entregue ao exportador", reclama. "O agronegócio paga a conta."
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) enviou, pela assessoria de imprensa, apenas uma listagem de obras. Entre as que já teriam sido feitas desde 2003, num investimento de R$ 51 milhões, estão a instalação de equipamentos de segurança, terminais públicos de álcool e de fertilizantes, dragagem emergencial do Canal da Galheta e troca de boias de sinalização náutica. Estariam em execução obras de revitalização no valor aproximado de R$ 12 milhões. E estão programados investimentos de R$ 45 milhões para um pescante, que permitiria atracação de mais dois navios, aprofundamento de berços e um silo público graneleiro.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Evandro Fadel, CURITIBA
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