As obras de expansão do Porto de Vitória estão assustando os moradores do Centro. Com estacas e a delimitação de uma grande área do mar, o objetivo da Codesa é ampliar o cais, passando dos atuais 356 metros para 456 metros. O calado também sofrerá alterações, com ampliação de 7,7 metros para 12,5. Para eles, a região está esgotada e não comportará o aumento da movimentação portuária.
Além disso, os moradores estão preocupados com a possibilidade de mais enchentes. O problema ocorre desde o aterro de parte do mangue e de uma área de alagado pela Codesa.
No montante, as obras irão criar uma retroárea de movimentação de carga maior, possibilitando que mais empresas atuem no porto do lado de Vitória. Mas, segundo especialistas, tanto a dragagem quanto o aumento da retroárea devem ser considerados sob a ótima da logística do porto, esgotada há anos. Portanto, não comportará, mesmo após as obras, a movimentação comercial que se pretende.
Além disso, a obra representa mais impactos ambientais para a baía de Vitória, já que serão revirados no fundo do mar sedimentos formados por lama, argila, metais pesados, pedras, pó de minério, entre outros componentes.
Para ampliar sua área de armazenagem de carga, de 14 mil m² para 30 m², a informação é que a região será sufocada.
Para o médico naturalista e ambientalista Marco Ortiz, a região do Porto de Vitória deveria ser dedicada a embarcações turísticas e culturais, em acordo com a proposta da própria cidade, que é a de revitalizar o Centro. Ele alerta que o porto está esmagado dentro da cidade e não há mais para onde crescer, somando, assim, atividades impactantes para a região. Entre os impactos já consumados estão os aterros feitos pela Flexibrás, além da construção de um enroncamento que desequilibrou o meio ambiente na região.
Diante da previsão de impacto, os moradores de Vila Velha também já se posicionaram contra o projeto, já que a dragagem e a derrocagem da baía de Vitória irão impactar o município. O despejo do material será dragado a seis quilômetros do litoral da praia de Itapoã. O impacto é ainda maior porque também serão despejados em Vila Velha os materiais dragados no porto do Tubarão e Nisibria, o que resultará no despejo de 15milhões de m³ de dejetos na região.
Segundo a Associação dos Moradores da Praia da Costa (AMPC), o despejo representa sérios danos ao meio ambiente e à população. A entidade aponta que há 12 anos materiais de dragagens foram despejados na região, gerando não apenas a turbidez da água, mas também o desaparecimento de espécies. O problema não afetou apenas o município, chegando também a São Pedro, em Vitória, onde prejudicou os pescadores.
Além do porto, a Pirelli também causou assoreamento e má circulação da água, prejudicando o tráfego de barcos devido a um aterro construído pela empresa.
Fonte: Século/Flávia Bernardes
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