A crise econômica e as denúncias de corrupção na Petrobras investigadas na Operação Lava Jato refletem no setor naval do Rio Grande do Sul. O número de vagas de emprego nos estaleiros em Rio Grande, cidade portuária ao Sul do Rio Grande do Sul, caiu 60% em três anos, como mostra reportagem do RBS Notícias (veja no vídeo).
O dado é do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). A comparação é entre os 7 mil trabalhadores atuais e o número registrado no momento do setor na cidade, em 2013, quando havia quase 20 mil funcionários no Polo Naval. O cenário mudou após os desdobramentos da Operação Lava Jato.
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No Estaleiro Rio Grande, trabalhadores finalizam dois cascos de plataformas para a Petrobras. Outras cidades da mesma região também têm pouca produção nos portos. No estaleiro EBR, em São José do Norte, termina com um ano e meio de atraso os módulos da P-74. No estaleiro QGI, as obras das plataformas P-75 e P-77 sequer começaram.
Apesar da queda no quadro, o Polo Naval de Rio Grande é o que mais emprega atualmente. Para projetar o futuro da indústria na região, surgiu o chamado "arranjo produtivo local", em que empresas, com apoio do poder público e instituições, buscam novas oportunidades de negocios para os estaleiros. Uma parceria com a embaixada britânica já capacitou 26 pessoas.
"Queremos muito compartilhar nosso conhecimento em como gerenciar projetos, como unir pesquisa, construção e força de trabalho pra trazer prosperidade e crescimento para a região", diz o 2º secretário de energia e estrutura da embaixada, Anthony Gilmore.
A família do empresário Moisés Bucoski decidiu não esperar. Ele perdeu o emprego há quase um ano, começou a fazer sanduíches naturais com a mulher e teve um aumento de R$ 1 mil na renda. E ele não pensa em voltar para o Polo Naval. "Eu trabalho mais, mas trabalho para mim. É muito melhor", diz.
Fonte: Jornal Floripa