Costa Verde - A exploração do petróleo no pré-sal da Bacia de Santos vai representar a abertura de um novo horizonte econômico para a região, que vai se transformar em importante pólo logístico e de apoio para a indústria petrolífera. Além do projeto que a Technip já iniciou em Angra dos Reis, uma ação conjunta da Petrobras com a CSN e a Gerdau - dona da Cosigua - deve resultar em uma grande ampliação no Porto de Itaguaí, onde a CSN já opera um terminal.
Em recente comunicado à Bolsa de Valores de São Pauço (Bovespa), a CSN confirmou que mantém negociações com a estatal do petróleo e com sua concorrente no setor siderúrgico, mas ressaltou que ainda não existe nenhum acordo oficializado.
De qualquer forma, a CSN já está fazendo investimentos no porto, com o objetivo de ampliar sua capacidade de exportação de minério de ferro. A medida faz parte de um pacote de investimentos que pretende transformar o grupo CSN em player de destaque no mercado mundial de minério de ferro - parte de um plano estratégico que inclui também investimentos em logística, energia, cimento e aços longos.
A Gerdau também pretende usar parte do porto para operações com minério, enquanto a Petrobras pretende atender as suas próprias necessidades logísticas, tanto para apoio às plataformas como o de recebimento de petróleo do pré-sal. O porto de Itaguaí, no caso da Petrobras, será complementar ao de Angra dos Reis.
O acordo prevê que cada empresa tenha sua atuação independente, apesar de a base portuária ser a mesma para as três. O projeto prevê a construção de um píer com berços de atracação para navios a serviço das três empresas. A expectativa é de que os negócios no porto sejam iniciados em 2014, quando a produção de petróleo do pré-sal começará a ganhar maior importância, com a instalação de novas unidades de produção.
Já em Angra dos Reis, a Technip vai montar, no próximos cinco anos, a estrutura de exploração do pré-sal no Terminal Portuário. A Petrobrás - uma das maiores clientes da Technip - será responsável por investir cerca de 200 bilhões de reais nos próximos cinco anos, para montar a logística da exploração do petróleo. A ideia é de que até 2012 sejam investidos 600 milhões de reais para a execução da primeira fase de revitalização do porto de Angra dos Reis. O objetivo dos investimentos é transformar o porto da cidade em um instrumento de desenvolvimento do Pré-sal.
Conteúdo nacional não é gargalo para indústria do petróleo, diz Gabrielli
Rio
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse hoje que a política de conteúdo nacional da indústria do petróleo não representa, neste momento, um "ponto de estrangulamento" para o desenvolvimento do setor. Segundo ele, o conteúdo nacional obtido pela Petrobras é maior do que o exigido por lei.
De acordo com Gabrielli, mesmo nos próximos anos, quando haverá um crescimento do segmento devido ao petróleo do pré-sal, a política não deverá representar um problema, já que os fornecedores brasileiros têm buscado aumentar a capacidade produtiva.
Além disso, Gabrielli, que participou de um encontro no Rio de Janeiro com empresários ingleses interessados nas oportunidades do setor energético brasileiro, espera que mais empresas estrangeiras se instalem no Brasil, para reforçar a política de conteúdo nacional.
"O interesse internacional é enorme. O horizonte que nós temos [para as empresas estrangeiras] não é só atender às demandas da Petrobras ou às demandas brasileiras. Essas empresas estão se instalando também olhando para a expansão internacional dessa demanda, porque as águas profundas são a nova fronteira exploratória do mundo. Portanto, quem estiver preparado para atender às demandas de água profunda, vai atender agora ao Brasil, que representa a maior demanda neste momento, mas, posteriormente, pode atender à África ou ao Mar Negro, por exemplo", disse.
O presidente da Petrobras também disse que o atual preço internacional do petróleo, entre US$ 110 e US$ 115, não constitui, por enquanto, um patamar de estabilidade que possa acarretar em aumento do preço da gasolina. O último aumento do combustível definido pela Petrobras ocorreu em maio de 2009, quando o barril estava cotado entre US$ 65 e US$ 85.
Sobre o interesse demonstrado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em relação ao petróleo do pré-sal, Gabrielli disse que, se os norte-americanos quiserem considerar o petróleo brasileiro um bem estratégico, precisam primeiro travar uma aliança estratégica com o Brasil. Essa aliança poderia se dar por meio de financiamentos de empresas brasileiras por instituições financeiras dos EUA, de incentivos à vinda de empresas americanas para o Brasil ou da facilitação para comercialização do produto brasileiro nos EUA. "Esse é o desafio que os Estados Unidos têm".
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Fonte: DIÁRIO DO VALE