SÃO PAULO - Paraná e Rio Grande do Sul apostam em obras de infraestrutura para atrair aportes de empresas do setor agrícola que, com o fim da crise, retomam os investimentos de olho nas exportações. O destaque fica por conta do segmento avícola, que só no estado gaúcho anunciou recursos da ordem de R$ 550 milhões na região.
Com o apoio do governo estadual, que promete fortalecer a avicultura local, a Aurora irá retomar os investimento em uma unidade de abate de frangos na cidade de Carazinho, no valor de R$ 400 milhões, paralisados desde o fim de 2008. A sinalização de incentivos e de recuperação do mercado também incentivou a Diplomata a reiniciar as obras em sua planta no município de Trindade do Sul. A unidade deve receber investimentos no valor de R$ 150 milhões.
Em 2009, a produção avícola gaúcha recuou 10,59%. Segundo Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (Abef), os investimentos fazem parte do plano de expansão que envolve ampliação e modernização das plantas existentes. "O apoio aos agricultores para modernizar seus aviários, além da revisão da tributação, são ações que não exigem grande volume de recursos, mas vontade política para fazer", disse Turra. Como reivindicação a Abef apresentou à governadora Yeda Crusius um relatório que aponta a necessidade de investimentos no setor sob o risco de perder a competitividade junto a outros estados e no mercado internacional.
As exportações também são o foco do governo paranaense. Os principais recursos estão sendo direcionados ao Porto de Paranaguá onde iniciativa pública e privada buscam consolidar o potencial logístico para o embarque de grãos, além de aumentar a capacidade de armazenamento de congelados no porto das atuais 58 mil toneladas para 100 mil toneladas.
Dentro do projeto Corredor de Congelados, que busca atrair mais cargas de produtos congelados para Paranaguá, a Martini Meat vai investir R$ 11,8 milhões na ampliação de seus armazéns frigorificados no terminal. O aporte se dá em função do crescimento da movimentação de produtos e derivados de carnes por Paranaguá. A operação foi aprovada pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), dentro de um programa de expansão que irá elevar a capacidade de armazenamento da companhia de 20,3 mil toneladas para 31,3 mil toneladas. Em 2009, a empresa recebeu do banco R$ 12,4 milhões.
Mais R$ 1 bilhão
Com a retomada no setor de carnes, a região também busca a consolidação no segmento de grãos. Para isso, o BRDE pede algumas medidas do governo federal para reduzir os custos de seus financiamentos, além de uma verba adicional de R$ 1 bilhão para aplicar em 2010. Em 2009, o banco realizou 4.696 operações somente com o setor agrícola paranaense, liberando R$ 598 milhões em recursos. Nos três estados do sul, o volume de recursos aplicado foi superior a R$ 2,2 bilhões. "Para o primeiro semestre já conseguimos recursos adicionais com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] de R$ 1,3 bilhão nos três estados do sul. Mas a demanda está muito maior do que prevíamos. Somente a carteira da agência de Curitiba já possui pedidos de financiamento acima de R$ 600 milhões", afirma Airton Pissetti, presidente do BRDE.
João Paulo Koslowski, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), considera a verba essencial para alcançar a meta da campanha que tem como desafio colher 75 milhões de toneladas de grãos para a safra 2010/2011 na Região Sul, o que representa 50% dos grãos produzidos no Brasil. "Os recursos adicionais de R$ 1 bilhão certamente vão contribuir para o sucesso desta meta porque servirão para trazer mais tecnologia e modernização aos produtores rurais da região, aumentando sua produtividade", avalia Koslowski.
O governo do Paraná está investindo R$ 95,7 milhões para consolidar o potencial logístico do porto no embarque de grãos. O movimento de caminhões rumo ao porto para desembarcar a safra de grãos 2009/2010 aumentou quase 200% entre a semana passada e esta.Priscila Machado)(Fonte: DCI)
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