Para os argentinos, muita coisa tem de evoluir para dar suporte à meta de expandir em 60% a produção de soja. A projeção do governo local, mesmo considerada muito ambiciosa pelo próprio segmento produtivo, estima que neste período o volume produzido passe dos atuais 50 milhões de toneladas para 80 milhões. Até o final desta década, a expectativa é de que a produção agrícola totalize mais de 150 milhões, ante aos atuais 82 milhões entre soja, milho e trigo.
Entre as mudanças que estão mobilizando o segmento produtivo argentino, já que as eleições para presidente do país serão realizadas no próximo mês, é a ampliação da infraestrutura com novas estradas de acesso para evitar o colapso em picos de safra, como também ampliação da geração de energia, insumo limitado e caro para as indústrias. A Argentina é bastante dependente do gás natural boliviano. “Para o argentino, as estradas atuais não dão mais conta do fluxo durante a safra. Mas o brasileiro que chega aqui, vê essa infraestrurura não entende o porquê da reclamação. Por isso, a Argentina é vista como um potencial país para investimentos no agronegócio”, reforça o diretor da Safras&Mercados, Raúl Fernando Diaz.
“A impressão que fica é que a Argentina tem a necessidade de atingir um novo patamar de infraestrutura, enquanto o Mato Grosso não chegou nem perto daquilo que os produtores de lá enxergam como ultrapassado, é como se fosse um choro de barriga cheia”, avalia o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas.
E a promessa de solução a estes problemas pode ser a plataforma de reeleição da atual presidente, Cristina Kirchner, no dia 23 de outubro. Em função de adoção de políticas severas de retenções e mudanças na regulamentação das exportações, a presidente que está no poder desde 2007, enfrenta severa rejeição do segmento.
RETENÇÕES – A presidente vive em constante conflito com os agricultores locais em função da carga tributária imposta ao setor. Lá, as chamadas “retenções” - impostos cobrados na exportação de grãos – são aplicados nas exportações de todas as commodities agrícolas. No caso da soja em grão a retenção é de 35% e para farinha e óleo, 32% e de 23% ao milho. Para cada 100 sacas de soja em grão exportada, por exemplo, 35 sacas ficam para o governo. Muitas das barreiras internas impostas pelo governo para as exportações, como no caso do trigo, geraram consequencias graves, como a quebra de contratos internacionais.
“Apesar desta política nada ortodoxa e das retenções, o mato-grossense tem na Argentina terras com aptidão agrícola, coisa que no Mato Grosso não há”, defende Diaz. (MP)
Fonte:Diário de Cuiabá/Mariana Peres
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