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Rio de Janeiro recebe primeiro navio de grande porte equipado com vela rotativas

Embarcação, atracada em terminal da Vale, em Mangaratiba, usa força do vento para melhorar eficiência e reduzir emissão de carbono

O Rio de Janeiro recebeu nesta terça-feira (11) o primeiro navio de transporte de minério de ferro do mundo equipado com sistema de velas rotativas (rotor sails). O sistema permite utilizar a força do vento para aumentar a eficiência da embarcação, reduzindo as emissões de carbono. O "Sea Zhoushan", um Guiabamax da categoria VLOC (Very Large Ore Carrier), com capacidade de 325 mil toneladas, está atracado no Terminal da Ilha Guaíba (TIG), operado pela Vale, em Mangaratiba, no litoral sul fluminense. As instalações do terminal foram adaptadas para este tipo de operação no final do ano passado.


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As velas rotativas são rotores cilíndricos, com quatro metros de diâmetro e 24 metros de altura - equivalente a um prédio de sete andares. Durante a operação, os rotores giram em diferentes velocidades, dependendo de condições ambientais e operacionais do navio, para criar uma diferença de pressão de forma a propelir o navio para a frente, a partir de um fenômeno conhecido como efeito Magnus.

“São cinco velas instaladas ao longo da embarcação que trazem um ganho de eficiência de até 8% e uma consequente redução de até 3,4 mil toneladas de CO2 equivalente por navio por ano”, afirma o gerente de Engenharia Naval da Vale, Rodrigo Bermelho. O Sea Zhoushan está em teste desde julho de 2021 e até agora fez cinco viagens, transportando minério de ferro produzido pela companhia.

A embarcação atracada no TIG saiu de Singapura no dia 23 de janeiro. O processo de carregamento dura, em média, dois dias. Depois, ela segue para a China.

O "Sea Zhoushan" é o primeiro mineraleiro do mundo a usar um sistema de velas rotativas, que gera um ganho de eficiência energética de até 8%, reduzindo as emissões de carbono

Novos projetos

Segundo Bermelho, a tecnologia vem se mostrando bem-sucedida em testes e tem estimulado parcerias e novos projetos. “A Vale entrou recentemente no mercado, por exemplo, com uma solicitação para contratos de longo prazo para um projeto inovador de novos navios Guaibamax equipados com velas a rotor e movidos a bicombustível, permitindo o uso de metanol como alternativa ao bunker”, explica.

O mix das duas tecnologias tem potencial para reduzir cerca de 23% das emissões de gases do efeito estufa em comparação com a atual geração do Guaibamax. Além disso, a embarcação será projetada com flexibilidade para, no futuro, receber um tanque e sistemas para utilização de gás natural liquefeito e/ou amônia, caso esses combustíveis sejam melhores alternativas em termos de custos e emissões.

O novo projeto incorporou os melhores resultados de tecnologia de ponta em avaliação no programa Ecoshipping, iniciativa de P&D criada pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido Organização Marítima Internacional (IMO).

Tecnologia

A instalação da tecnologia de velas rotativas, fornecida pelo fabricante finlandês Norsepower, é um projeto liderado pela Vale, que contou com a parceria do armador coreano Pan Ocean para instalação em um de seus VLOCs a serviço da Vale. A companhia tem estudos sobre o uso da tecnologia de propulsão a vento desde 2016. “A energia eólica está na origem da navegação comercial, foi esquecida nos últimos séculos, e volta a se reconciliar", conclui Bermelho.

No início de março, a Vale e a Mitsui OSK Lines anunciaram uma parceria para instalar duas velas rotativas em um navio graneleiro do armador, com capacidade de 200 mil toneladas. A embarcação é atualmente empregada em um contrato de médio prazo para transporte de minério de ferro para a Vale. A instalação das velas do rotor está prevista para o primeiro semestre de 2024.

Terminal tem instalações adaptadas

As operações da Vale em Mangaratiba receberam melhorias para possibilitar a atracação de navios de grande porte, com capacidade de até 325 mil toneladas. A primeira embarcação com essas características que embarcou no local foi o Sea Caofeidian, em novembro do ano passado.

"O terminal recebeu adequações para a atracação dos Guaibamax e a equipe foi capacitada para esta operação. O porto também começa a receber outros navios deste porte, aumentando a eficiência e a tecnologia nas operações”, diz Walter Pinheiro, gerente-executivo de Operações do TIG e da Companhia Portuária Baía de Sepetiba (CPBS), em Itaguaí, onde a Vale também operações portuárias.

Em 2022, o Terminal da Ilha Guaíba (TIG) embarcou 27,8 milhões de toneladas. O dado faz parte do Balanço Vale+, relatório divulgado recentemente.

Um gigante em alto-mar

Comprimento: 340 metros (equivalente a quase nove vezes o comprimento da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, ou 3,5 vezes as de um campo oficial de futebol);

Largura: 62 metros (extensão um pouco maior que a de 12 carros populares de mil cilindradas enfileirados);

Altura do casco: 29,5 metros (equivalente a um prédio de quase 10 andares;

Capacidade de carregamento: 325 toneladas (capaz de levar 325 carros populares de mil cilindradas;

Altura da vela: 24 metros (equivalente a um prédio de oito andares);

Diâmetro da vela: 4 metros.






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