Foi de fato estabelecido um diálogo entre o grupo Opportunity e o empresário Richard Klien, que desde 2010 vivem uma disputa societária no controle da Santos Brasil. As conversas agora caminham de forma satisfatória para encerrar o impasse entre os controladores da operadora portuária, apurou o Valor.
A prioridade de ambos é resolver o conflito entre os sócios para que, em seguida, haja uma reestruturação na Santos Brasil. Algumas possibilidades de desfecho estão na mesa de negociação. Embora não haja nada decidido, a migração da Santos Brasil para o Novo Mercado, o principal nível de governança da bolsa brasileira, está na mesa de negociações. Procurados pelo Valor, Santos Brasil, Opportunity e Klien não deram entrevista.
A disputa entre os sócios começou há três anos, com o desejo de unir a Santos Brasil à Multiterminais, empresa controlada por Klien. Os sócios concordavam que unir as empresas faria sentido, mas não chegaram a consenso sobre o valor de cada uma delas na operação. E o conflito se instalou, tendo diversos capítulos nesses últimos três anos. Três arbitragens foram instaladas para resolver os desentendimentos entre os sócios e precisam ser encerradas.
Nos últimos meses, as partes conseguiram abrir um diálogo com a finalidade de extinguir os desentendimentos, enfim. O consenso é que a solução desse conflito fortalece a empresa e a manterá na liderança do setor portuário no país, ampliando sua capacidade de investimento
Resolvido o imbróglio haverá a decisão sobre o formato que terá uma reestruturação na companhia. O Novo Mercado pode ser uma possibilidade, se houver consenso de que ele atenderá melhor aos interesses da empresa. Para fazer a migração, a Santos Brasil terá de converter ações preferenciais em ordinárias, mantendo apenas uma classe de ações na bolsa - hoje ela negocia units, que reúnem PNs e ONs. O acordo de acionistas assinado entre o grupo Opportunity e Klien prevê algumas amarras para a venda de participação de ambos. Se eles, por exemplo, desfizerem o acordo e levarem a empresa para o Novo Mercado, suas posições ficam liberadas para quaisquer negociações.
Hoje, o Opportunity, através de três veículos, um deles controlado por Dorio Ferman, que comanda a área de gestão, possui perto 47,54% do capital total da Santos Brasil. Também por três veículos, Klien concentra outros 18,5% da empresa aproximadamente. Apesar de nenhum dos dois querer sair do investimento na Santos Brasil, Klien não deseja mais ser sócio do Opportunity - por essa razão, em 2010, acionou uma cláusula incluída no acordo de acionistas que tem o objetivo de deixar apenas um deles na empresa em caso de desentendimento. A cláusula estabelece que os dois lados têm até 180 dias para apresentar, em envelope lacrado, um preço pela ação que pretendem vender ou comprar a participação do outro.
O mercado aguarda por um entendimento entre os sócios, uma vez que o conflito é um ponto de preocupação para os investidores e, certamente, tem seu peso nas cotações das empresa.
Fonte: Valor Econômico/Ana Paula Ragazzi | Do Rio
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