A Secretaria Estadual de Transportes espera receber nos próximos dias o prefeito de Santos, João Paulo Papa, para discutir o novo projeto viário da entrada da Cidade e dos acessos ao Porto. O convite foi feito pelo titular da pasta, Saulo de Castro, durante reunião do Comitê de Logística do Porto de Santos, ontem, na sede da Codesp. A ideia é encontrar a melhor solução técnica para um dos principais gargalos logísticos do complexo portuário.
Castro propôs o encontro após ser pressionado por empresários do setor que estiveram ontem na reunião do comitê. Insatisfeitos com os constantes congestionamentos observados na região da Alemoa, eles cobraram uma ação efetiva do Governo de São Paulo e garantiram que a situação “beira o caos e está perto de um colapso”.
Diante das críticas, o secretário foi incisivo ao transferir à Prefeitura a responsabilidade de resolver o problema viário.
O não-recebimento, até agora, do projeto, mesmo que conceitual, com as alterações necessárias na entrada da Cidade foi outro motivo que levou Castro a chamar a Administração Municipal para uma conversa “a partir de amanhã (hoje)”. “Nunca nos foi enviado, até porque não é responsabilidade do Estado cuidar do problema viário local. Não posso fazer avenida, rua, aqui ou nos 465 municípios de São Paulo”.
Apesar de eximir a possível culpa do Governo Estadual nesse processo, Castro se mostrou interessado em ajudar a resolver o gargalo. Porém, ele observou que a questão é mais ampla e não está relacionada somente à duplicação ou à triplicação de avenidas, mas ao comportamento dos agentes portuários.
“Essa é uma solução multifacetária. Vamos sentar com todos os agentes. Hoje (26) já chamei e vou conversar com o prefeito para que ele, se puder, me leve o projeto. Vamos desenvolver um projeto (executivo)que resolva essa questão envolvendo estacionamento, área de descanso, a armazenagem dos contêineres vazios e o viário”, explicou o secretário.
Sobre quem pagará a obra, Castro também apontou a solução. “Recurso existe e é do Governo Federal. Inclusive, há um recurso próprio para isso. É para investimentos em acessos a portos. Estou conseguindo esse recurso para o Porto de São Sebastião (no litoral Norte de São Paulo, administrado pelo Estado) que, convenhamos, tem uma relevância inferior a Santos”, disse.
Procurado, o prefeito Papa afirmou que entrará em contato com o secretário e enviará, novamente, o projeto conceitual da entrada de Santos para análise. Segundo ele, o material já havia sido enviado à Secretaria. Ele é de conhecimento da Codesp e, atualmente, está sendo avaliado pelo Ministério das Cidades.
Segundo Papa, como o projeto é apenas conceitual, o próximo passo é elaborar o projeto básico e o orçamento, para que, então, seja tratado o financiamento.
“Esse é um problema nacional e não apenas local, já que gera reflexos até mesmo na economia brasileira. À Prefeitura, cabe ajudar no encaminhamento da solução. Entre as intervenções propostas, estão a melhoria na performance da rodovia (Anchieta). Não estamos pedindo que seja feita uma ponte na Cidade”, apontou Papa, lembrando que serão feitas mudanças em trechos de concessão da Ecovias e do Departamento de Estradas de Rodagem.
Para o diretor-presidente da Codesp, Renato Barco, o ideal é que se acabe com as divergências, já que a Cidade e o Porto precisam que o problema seja resolvido. “Estamos num momento de carência de obras de infraestrutura. É o momento exato de tirar obras do papel e aproveitar a boa vontade do secretário e que cada setor possa auxiliar, cada um com a sua parcela de contribuição, incluindo o Porto”.
Fonte: A Tribuna / Lyne Santos
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