Caso não seja mesmo construído eclusas nas obras da usina hidrelétrica UHE, no Salto de 7 Quedas em Paranaíta, o projeto da hidrovia Teles Pires Tapajós estará definitivamente acabado. Pois, após a usina ser construída, não há mais como ser feitas as eclusas nas barragens da usina para permitir a navegação.
No dia 26 de janeiro, houve em Sinop, a convite da Associação Comercial e Empresarial, uma reunião com o Governador do Estado, Silval Barbosa, no sentido de viabilizar a construção das eclusas, visando concretização da Hidrovia Teles Pires/Tapajós. Apesar do total apoio do governador, o Governo Federal sinalizou que as eclusas estão fora de cogitação e que não serão construídas simultaneamente com a usina.
Na opinião do médico Mário Nishikawa, o consórcio vencedor do leilão da UHE Teles Pires não irá construir a eclusa, mas o governo federal poderia alocar recursos para esse fim. Com o aporte, a construtora faturaria mais sem aumentar o preço da energia a ser vendida.
“Nosso país tem enormes potencialidades para diminuir o “Custo Brasil”, ganhando competitividade, crescer, desenvolver, tornar-se nação de primeira grandeza, de primeiro mundo. O Plano Nacional de Logística de Transporte (Ministério dos Transportes) descreve a Hidrovia Teles Pires/Tapajós como a mais viável economicamente, com a melhor TIR (Taxa Interna de Retorno), superando as hidrovias do Araguaia/Tocantins e do Madeira”, Observa Dr. Mário.
Para o médico alta-florestense, que foi o idealizador do projeto da hidrovia e que sempre esteve à frente da mobilização social para a construção da mesma, é de suma importância que se reverta esta decisão do governo federal.
“É preciso que as autoridades competentes revertam rapidamente à decisão governamental de não se construir as eclusa simultaneamente. Este objetivo só poderá ser alcançado se houver envolvimento de todas as entidades possíveis da sociedade organizada, mobilização de toda a classe política regional, estadual e federal, cobrando ações urgentes do governo federal”, disse Dr. Mário Nishikawa.
Segundo ele, os custos financeiros da construção simultânea da eclusa serão relativamente pequenos se comparados à grandiosidade da obra da hidrelétrica. Na hipótese de construir eclusa depois de terminada a barragem, será necessária grandiosa obra de abertura de um canal lateral ao lado do leito do rio, removendo provavelmente muitos milhões de metros cúbicos de rochas. E somente depois, construir a eclusa em 3 câmaras, conforme projeto original. “Isso terá custo altíssimo”, avalia.
Dr. Márío reitera que em países do primeiro mundo foi exaustivamente comprovado que o transporte hidroviário proporciona frete até 4 vezes mais barato do que o rodoviário e com inúmeras outras vantagens. Para ele este é o motivo principal da perda de competitividade dos mato-grossenses para os norte-americanos, apesar da eficiência dos nossos produtores com mais baixos custos de produção e de produtividade 10% maior.
“Está confirmado pelo Ministério dos Transportes (PNLT) que a Hidrovia Teles Pires/Tapajós é viável. Não há justificativas para alegações de que ainda não há comprovação da viabilidade da hidrovia ou que não existe a hidrovia em operação e assim não há necessidade de eclusa”, justifica Dr. Mário Nishikawa..
“É preciso em caráter de urgência convocar a sociedade, através das lideranças políticas, entidades organizadas, governo do estado, cobrando principalmente através de ofícios toda a classe política na tentativa de viabilizar recursos da União (e o PAC) para a concretização da eclusa simultaneamente à construção da barragem. É hora de mobilização”, alerta.
“Coloca-se no projeto da UHE Teles Pires o sistema de eclusa de grande porte. É pública e notória a importância da Hidrovia Teles Pires/Tapajós para Mato Grosso e o Brasil. Depois de tudo isso, o governo federal diz que a eclusa está fora de cogitação. Que país é este?”, protesta.
“Pessoalmente, acho que não estamos sendo devidamente considerados e tratados como cidadãos brasileiros sérios e batalhadores pelo progresso deste nosso país. Temos que correr atrás destes objetivos que deveriam ser preocupação dos nossos governantes. Temos que mobilizar a sociedade”, finaliza Dr. Mário Nishikawa.
Fonte: MT Norte/Edemar Savariz
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