Crescimento e projetos estruturantes marcam boa fase
O Nordeste está em franca expansão econômica por vários razões. A estabilização e o crescimento da economia, os programas sociais, a ascensão das classes médias emergentes são algumas delas. Outra, fundamental, são investimentos estruturantes, que deixam raízes e provocam efeito cascata positivo. Movimentam uma série de setores e impulsionam a economia local, gerando emprego, renda e tributos. Entre esses investimentos destacam-se o Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, e algumas ferrovias em construção, projeto ou expansão, como a Transnordestina e a Norte-Sul, a Oeste-Leste e a Estrada de Ferro Carajás.
O Complexo de Suape é um dos melhores exemplos. Para os próximos quatro anos, os investimentos previstos, parte deles com recursos do PAC 2, chegam a R$ 2,6 bilhões. "Além de recursos federais, teremos recursos do Estado, do próprio complexo e também financiamentos", diz o vice-presidente do complexo de Suape, Sidnei Aires. O dinheiro será aplicado em obras de dragagem, criação de mais atracadouros e novos acessos rodoviários, a partir de 2011.
Além de receber mais e maiores navios, o complexo se prepara para atender à demanda da ferrovia Transnordestina, que liga Eliseu Martins (PI) aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE). Segundo Aires, no primeiro semestre do ano que vem serão licitadas obras para que a iniciativa privada erga três novos terminais, um deles ferroviário para receber cargas da Transnordestina. Outro terminal será dedicado a minérios e um terceiro abrigará contêineres. "Estimamos cada um deles em algo entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões", diz o executivo. A previsão é concluir os três até o fim de 2013.
Aires frisa que Suape integra a logística com a atividade industrial na mesma área. E está localizado no meio do Nordeste, podendo alcançar, em um raio de 800 km para cima e para baixo, cerca de 90% do PIB da região. "Além disso, temos posição privilegiada em relação a diversos continentes", diz. Por essas vantagens, o complexo tem atraído investimentos. Ele ressalta que há três projetos fundamentais em curso: a construção da refinaria Abreu e Lima da Petrobras, a Petroquímica Suape e a expansão do Estaleiro Atlântico Sul.
A Transnordestina é um projeto da Transnordestina Logística, empresa ligada à Companhia Siderúrgica Nacional , avaliado em R$ 5,4 bilhões. Começou em 2006 e até agora está pronto apenas um primeiro trecho de 100 km, ligando Salgueiro (PE) a Missão Velha (CE). Prevê-se a conclusão para 2013. O potencial é de geração de cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos, segundo o Banco do Nordeste, que repassa recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste ao empreendimento.
A capacidade de transporte da Transnordestina será de 30 milhões de toneladas por ano e suas cargas principais serão minério de ferro, gipsita, grãos, cimento, combustíveis e fertilizante. "A Transnordestina vai ajudar a dinamizar a economia em seu percurso", acredita o economista Gustavo Maia Gomes, da consultoria pernambucana Datamétrica. Ele destaca especialmente a agricultura na região de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) e a produção de gesso nos Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí como principais beneficiárias da nova ferrovia.
Segundo dados da Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A, empresa do Ministério dos Transportes que coordena os trabalhos de construção da ferrovia Norte-Sul, do total previsto para a linha original, 719 quilômetros já estão prontos, entre Açailândia (MA) e o Pátio Multimodal de Palmas/Porto Nacional (TO). Os outros 855 quilômetros estão em obras, com previsão de conclusão até abril
Só em 2010 a Valec já investiu R$ 1,89 bilhão na Norte-Sul. Há perspectiva de geração de cerca de 270 mil empregos, com a instalação de empresas como usinas de biodiesel e álcool nas proximidades. As obras em si já criaram mais de 60 mil vagas de trabalho, entre diretas e indiretas. Outro projeto ainda não iniciado da Valec é a ferrovia Oeste-Leste, entre Ilhéus (BA) e Figueirópolis (TO).
Os investimentos para a construção da Oeste-Leste somam R$ 7,25 bilhões. A Valec informou que as obras começam ainda este mês. Pelas estimativas, o volume de carga a ser transportado na Oeste-Leste pode chegar a 70 milhões de toneladas anuais, sendo 50 milhões de minérios. Outra obra no setor ferroviário é a duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC), entre São Luís (MA) e Parauapebas (PA).
Conectada à Norte-Sul, a EFC terá 605 quilômetros de linha duplicados e outros 100 quilômetros serão acrescentados até a serra sul de Carajás. No total, a EFC tem 892 quilômetros e atravessa 25 municípios. Esta ferrovia e a Norte-Sul são operadas pela mineradora Vale e suas cargas seguem em direção ao terminal portuário de Ponta da Madeira e o Porto de Itaqui, na capital maranhense, rumo ao mercado externo. A duplicação da EFC é parte do plano da Vale para absorver o aumento da produção prevista no Programa de Capacitação Logística Norte, que inclui a construção do píer 4 do terminal da Ponta da Madeira, em São Luís.
Fonte: Administradores/ Vinicius Costa Formiga Cavaco
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