Sob o ângulo dos transportes, em 1859, depois de entendimentos com os governos do Paraguai e Argentina, é estabelecida a navegação fluvial ampla, interligando Cuiabá, São Paulo e Rio, através dos rios Cuiabá, Paraguaia, Paraná, Estuário da Prata e Oceano Atlântico, numa extensão de mais de 2.500 km pelos tortuosos rios principais e seus afluentes.
Viagens que se encurtam: de 100 para 30 dias..
Com navegação fluvial de longo curso, o comércio se projetou, sobretudo o ribeirinho, ampliando-se o escambo (troco) de mercadorias: gêneros alimentícios, sal, tecidos, fumo, açúcar, rapadura, arame, bijuterias etc por couros e peles lamentavelmente extraídas, na época, sem limite, do vastíssimo e faunístico Pantanal.
Também a importação e exportação se ampliaram, já se notando casas de comércio que mantinham exportação para vários países da Europa e que, de lá também, importavam, sobressaindo-se Corumbá como o empório natural para o encontro dos importados e exportados.
Fruto disso, inúmeros foram os consulados instalados em Corumbá. O comportamento social mudou-se, não só tocante à eliminação do braço escravo a partir de 1888 e o esforço para a implantação da mentalidade do trabalho praticado pelo homem livre, como resultado da realização pessoal e contribuição positiva para o desenvolvimento nacional.
Além dessa ótica, há que se destacarem as idéias novas advindas, a partir da Independência dos EEUU (1776), da 1ª Constituição do Mundo (a dos Estados Unidos, em 1787), da Queda Bastilha (França) e da Conjuração Mineira, ambos no mesmo ano de 1789, e, num crescendo, os frutos da Independência de vários Países Sul-americanos - o do Brasil, especialmente, em 1822, e, posteriormente, a Proclamação da República, em 1889!
A cultura mato-grossense se projeta mais e mais
Tudo isso vinha sacudindo, num crescendo, a mentalidade dos nativos brasileiros, agora reivindicando mais e mais a presença de cursos que ampliassem seus conhecimentos além dos horizontes do ensino fundamental: queriam, ao menos, cursas o ginásio (hoje 5ª à 8ª séries).
A reivindicação de mais ginásios ensejaria a etapa de luta pelos cursos científicos, normais e comerciais, facilitando o ingresso no curso superior - agora não mais exclusivo na Europa - eis que, a partir de 1827, pelo menos São Paulo e Olinda tinham sua Faculdade de Direito, as 2 primeiras do Brasil!
Agora, era a vez de outros cursos superiores, pelo menos nos principais centros: medicina, engenharia, odontologia, letras, história, etc.
Com a mudança de mentalidade em relação ao trabalho (antes, apenas escravo, agora, livre) e a disseminação da instrução, da educação e da cultura, era compreensível que aparecessem alguma ou outra revista e os jornais, embora ainda em caráter local, pois que a carência de estradas impedia seu alcance um pouco mais amplo.
A Guerra do Paraguai
Em 1864, o Paraguai detém em Assunção o navio que conduzia o Presidente da Província de Mato Grosso, vindo do Rio de Janeiro e, ato contínuo, invade o território brasileiro, ocupando vasta região no sudoeste da Província, ensaiando medidas com que ocupar a Capital da Província e, quiçá todo o Império.
A notícia da invasão paraguaia levou - segundo se conta - quase 2 meses até chegar ao conhecimento do Imperador.
O então Presidente da Província de Mato Grosso imediatamente tomou providência no sentido de organizar o 1º Batalhão de Voluntários da Pátria, sob o comando de Augusto de Leverger (Barão de Melgaço) que, por muitos anos, morou no local onde hoje se situam o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e a Academia Mato-grossense de Letras.
Em 1867, o então Capitão Antônio Maria Coelho procurava o Presidente da Província de Mato Grosso, Dr. José do Couto Magalhães, a fim de apresentar o modus de como promover a expulsão dos invasores da Pátria.
O plano é aceito e o Presidente do Estado comissionou-o como Tenente Coronel, com o objetivo de, comandando 400 homens, descer o rio Cuiabá, adentrar o rio Paraguai, e, em Corumbá, expulsar o invasor.
Depois de aproximados 20 (vinte) dias descendo os Rios Cuiabá e Paraguai, Corumbá e retomada... e, tempos depois, readquirida, também, a parte sul antes invadida.
Em 1870, é celebrado o fim da guerra contra o Paraguai.
Mato Grosso se volta para seus assuntos internos, desejoso de vencer suas naturais dificuldades, agravadas com a luta armada de quase 6 anos.
Mas seus recursos estavam exauridos.
Fonte: Diário de Cuiabá/Acadêmico José Ferreira de Freitas - Cadeira 32.
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