Relatório mensal de oferta e demanda de grãos divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) trouxe projeções mais altas que as de março para os estoques de grãos ao término desta safra 2012/13, em 31 de agosto, e reforçou a expectativa de analistas de que as cotações de soja, milho e trigo tendem a se acomodar em degraus mais baixos nos próximos meses.
No caso da soja, esses estoques foram revisados para 62,63 milhões de toneladas, 4% acima do previsto no mês passado e 13,6% mais que no fim do ciclo 2011/12. O salto foi determinado por uma revisão para cima nos cálculos para os estoques finais no Brasil, que derivou da leve baixa da estimativa para as exportações brasileiras, agora estimadas em 36,75 milhões de toneladas, ante as 36,32 milhões da safra 2011/12.
Esse ajuste veio em linha com a correção efetuada pelo USDA para as importações chinesas - de 63 milhões para 61 milhões de toneladas. A China deverá representar quase 64% das importações mundiais de soja em grão em 2012/13, e o Brasil "briga" pela liderança nas exportações com os EUA. Como o USDA revisou para baixo os embarques brasileiros, passou a existir um "empate técnico" nessa disputa, que vinha sendo liderada com folga pelo Brasil. Na produção, entretanto, a liderança do Brasil está garantida.
No quadro do milho, o USDA elevou a estimativa para os estoques mundiais em 6,65% sobre o relatório de março, para 125,29 milhões de toneladas. Em 2011/12, foram 131,79 milhões, mas o novo número aponta que a recuperação prevista após quebra na temporada anterior, provocada por adversidades climáticas, continua em curso, ainda que lentamente. Esse estoque maior que o divulgado anteriormente decorre da combinação entre elevação na estimativa de produção e retração na de demanda. No que tange aos estoques americanos, afetados pela seca de 2012, o USDA efetuou uma correção para cima de cerca de 20%.
O USDA elevou sua previsão para a produção mundial de milho de 854,07 milhões para 855,92 milhões de toneladas, com expectativa otimista para o Brasil. Segundo o relatório de ontem, o país deverá produzir 74 milhões de toneladas em 2012/13, 2,06% mais que a projeção de março. Em relação ao consumo mundial, o USDA calcula um total de 862,51 milhões de toneladas, 0,60% menos que o cálculo de março. Somente nos EUA, a projeção de consumo recuou 0,96%.
Para o trigo, o USDA elevou a previsão para estoques mundiais de trigo de 178,23 milhões para 182,26 milhões de toneladas. Como em geral, o número ficou acima das estimativas do mercado. O aumento da estimativa reflete, em parte, um ajuste no número referente aos estoques remanescentes da safra passada, elevados de 196,47 milhões para 199,38 milhões de toneladas. Além disso, o USDA reduziu sua previsão para o consumo de trigo na China.
Na bolsa de Chicago, a quarta-feira foi de baixas para soja e trigo, mas o milho subiu porque a alta dos estoques americanos fugiu à regra e ficou abaixo das expectativas.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Lopes, Gerson Freitas Jr. e Fernanda Pressinott | De São Paulo
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