Para encurtar a distância até a China, competir com as mineradoras australianas (mais próximas desse principal mercado) e reduzir a volatilidade dos preços, a Vale vai construir megacentros de distribuição de minério de ferro no exterior.
A maior aposta é num complexo que inclui terminal portuário e pátio de estocagem situado na Malásia, cujo investimento é de US$ 1,4 bilhão (R$ 2,5 bilhões).
Lá, a Vale poderá manter, a partir de 2014, até 30 milhões de toneladas de minério de ferro -- cerca de 10% de sua produção anual.
Com esse estoque estratégico, a Vale atenderá mais rapidamente os clientes chineses. A partir dos terminais brasileiros, um navio da Vale leva 45 dias para chegar à China, enquanto suas concorrentes australianas BHP e Rio Tinto não demoram mais do que 12 dias.
Sozinho, o país asiático absorve 45% das vendas da Vale e poderá ser atendido em menos de dez dias a partir da Malásia.
"O objetivo é, primeiro, reduzir o custo de chegar à Ásia. Segundo, possibilitar a blendagem [mistura] de diferentes minérios para melhorar a qualidade. E, terceiro, atender os clientes em tempo igual ou inferior ao dos concorrentes mais próximos (australianos, indianos e sul-africanos)", disse à Folha José Carlos Martins, diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale.
Motivo não menos importante, afirma, é diminuir a volatilidade do frete e do preço do minério -graças ao elevado estoque. "A volatilidade é ruim para produtores e consumidores e só favorece especuladores e intermediários", diz Martins.
Segundo Victor Pena, analista do Banco do Brasil, a Vale poderá aproveitar mais rapidamente momentos de preço em alta para atender em prazo mais curto os clientes chineses -a maioria sem contratos longos e com preços fixados no curto prazo.
Com o crescimento da produção própria de minério de ferro das siderúrgicas brasileiras, diz, a Vale terá excedente ainda maior para exportação e se prepara para colocar o produto no exterior a um custo menor.
A empresa já instalou outro centro de distribuição em Omã para atender África, Oriente Médio e Índia. Investiu US$ 300 milhões (R$ 530 milhões). No local, já havia um porto adaptado às necessidades da Vale -por isso, a alocação de recursos foi menor do que na Malásia.
No terminal portuário da Malásia, poderão atracar os megacargueiros Valemax -- navios do mesmo tipo do que sofreu rachaduras e passa por reparos na costa do Maranhão.
Desse modo, a mineradora equaciona outro problema: nenhum desses navios teve ainda autorização para parar nos portos chineses.
Para proteger as mineradoras locais, a China barrou os supercargueiros alegando falta de dados sobre os riscos ambientais.
Martins diz que a estratégia de contratar esses supernavios -- verdadeiros estoques flutuantes -- é integrada à dos centros de distribuição.
Fonte: FOLHA.COM
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