O uso da tecnologia aplicada à logística está criando uma espécie de "Big Brother" do minério de ferro nos portos da Vale. No porto de Tubarão, no Espírito Santo, a mineradora desenvolve projeto-piloto que permite o monitoramento online das pilhas de minério de ferro depositadas nos pátios de estocagem. O sistema utiliza scanners a laser 3D, instalados no alto de grandes máquinas, que coletam as imagens das pilhas e as enviam a um servidor central encarregado de processar as informações. Os dados são recebidos em computadores no centro de controle operacional do porto.
O monitoramento online vai permitir à Vale ter a operação totalmente automática dos pátios de minério de ferro, diz Gustavo Mucci, gerente-geral de inovação e desenvolvimento portuário da mineradora. A tecnologia possibilita ter o controle do estoque de forma contínua através das câmeras (scanners) instalados nas máquinas nos pátios. E tende a substituir o controle tradicional do estoque feito diariamente por topógrafos que monitoram as pilhas e repassam às informações à equipe de planejamento dos pátios.
Os topógrafos também usam scanners para fazer o levantamento sobre o perfil e o volume das pilhas de minério, mas ao colocar essas câmeras no alto dos equipamentos nos pátios garante-se maior eficiência ao processo, disse a Vale. Os topógrafos poderão passar a trabalhar nas equipes de planejamento de pátio em Tubarão ou serem redirecionados para outras funções dentro da empresa.
O projeto-piloto de Tubarão está sendo testado em duas máquinas, uma empilhadeira e uma recuperadora de minério de ferro. O recuperador é um equipamento com rodas dentadas que retira o minério das pilhas nos pátios. Dali o produto segue por correias para ser carregado nos navios.
No total, Tubarão tem 18 equipamentos como esses. Até o fim de 2013 o projeto estará todo implantado no terminal portuário, cuja capacidade estática de armazenagem de minério de ferro é de 3,3 milhões de toneladas. Mas existe a expectativa de que a tecnologia, depois de desenvolvida e homologada, seja estendida a outras instalações da empresa, afirmou Mucci.
O executivo acrescentou que o monitoramento online permite melhorar a gestão do estoque e a produtividade. A tecnologia também reforça a segurança operacional. Segundo Mucci, o mapeamento online do minério faz parte da segunda fase do controle remoto das operações de pátio, sistema adotado pela Vale a partir do terminal portuário de Ponta da Madeira, em abril de 2010. Esse terminal tem capacidade de estocagem de 5,6 milhões de toneladas.
Ao todo a Vale investiu R$ 15 milhões no projeto de controle remoto de operação dos pátios de minério, dos quais R$ 500 mil foram aplicados no projeto piloto de Tubarão. O controle remoto funciona por meio de software que possibilita o comando à distância das máquinas. Os operadores, que antes subiam nas empilhadeiras e recuperadoras para operá-las nos pátios, passaram a fazê-lo desde o centro de controle operacional. A mineradora registra ganhos de produtividade.
Com a adoção do sistema, houve um ganho médio nos terminais da Vale de 10% nos volumes de minério de ferro recuperados nos pátios. O volume, que situava-se em 8 mil toneladas por hora, passou para quase 9 mil toneladas/hora.
Os ganhos de produtividade obtidos com o controle remoto das operações nos pátios também são importantes em um cenário de expansão dos terminais portuários da Vale. Se a empresa não investisse em novas tecnologias, poderia ter de acompanhar o crescimento das operações com um contingente de pessoal equivalente à expansão programada.
Fonte:valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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