A estatal Valec diz que a conclusão das obras da Ferrovia Norte-Sul, entre Ouro Verde (GO) e Estrela D'Oeste (SP), está prevista para novembro de 2015. O custo total do empreendimento foi atualizado e hoje está em R$ 4,25 bilhões, conforme nota enviada pela assessoria da empresa ao Valor.
A diretoria de planejamento da Valec submeteu ao governo, em maio de 2014, uma solicitação "devidamente justificada" de aumento no valor total da extensão da Norte-Sul. "A proposta, que passava o valor de R$ 2,70 bilhões para R$ 4,25 bilhões, foi aceita", observa a nota. Os ministérios dos Transportes, da Fazenda e do Planejamento aprovaram essa mudança.
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Segundo a estatal, os motivos apresentados para o aumento tem três vertentes. Um deles é a celebração de termos aditivos aos contratos originais, que visavam a melhoria da qualidade da via e ajustes nas características da ferrovia, como redução de rampas e aperfeiçoamentos no traçado. Outra explicação são os reajustes e atualizações monetárias previstos em contrato. Finalmente, houve acréscimos para a execução de obras remanescentes nos lotes 3 e 5, que totalizam R$ 202 milhões.
Os serviços recém-contratados têm prazo de execução de 15 meses e 12 meses, respectivamente, mas a intenção da estatal é acelerar a entrega dos trabalhos. No lote 3, em vez de dezembro de 2015, a expectativa é receber as obras concluídas um mês antes. No lote 5, espera-se tudo pronto até agosto.
Inicialmente, como reconhece a nota da Valec, o término da extensão da Norte-Sul estava programado para o fim de 2012, mas "alguns fatos impactaram diretamente na execução dos serviços". Entre os fatores elencados, a estatal cita determinações do Tribunal de Contas da União (TCU): suspensão do pregão para o fornecimento de trilhos, necessidade de sondagens complementares e suspensão dos serviços de terraplenagem até que fosse definido o novo quantitativo a ser escavado. Também apontou a necessidade de revisão dos projetos executivos das obras de arte especiais, como pontes e viadutos, além de problemas com licenciamento ambiental e desapropriações. "Todos os passivos foram sanados", acrescenta a nota.
Para o engenheiro José Eduardo Castello Branco, presidente da Valec entre 2011 e 2012, o grande ensinamento da Norte-Sul é que fazer novas ferrovias como obra pública não é a melhor solução. "Os entraves burocráticos são enormes. Eu passava 90% do tempo discutindo detalhes com os órgãos de controle e não conseguia gerenciar a empresa como um todo", diz o executivo. "O modelo de obra pública no setor está totalmente superado. A agilidade do setor privado é incomparável."
Fonte:Valor Econômico/2015Daniel Rittner | De Brasília