Está se instalando um grande complexo petroquímico em Suape, além de um polo naval. Investimentos estão em sintonia com produção do pré-sal
Usina de refino representa o maior investimento da história do Estado, com um orçamento de R$ 23 bilhões para sua instalação
Além de abrigar uma grande quantidade e diversidade de indústrias, Suape possui ainda duas grandes vantagens comparativas em relação a outros complexos industriais e portuários do Nordeste e do Brasil: o diferencial logístico e o crescimento guiado por um planejamento de longo prazo. O vice-presidente do complexo, Fred Amâncio aponta estas características como a base para transformá-lo no melhor polo de negócios do Brasil, entre aqueles com a mesma estruturação.
"Na configuração de complexo industrial e portuário, Suape está numa posição melhor do que qualquer outro lugar do Brasil. Você tem portos muitos interessantes no Brasil, mas na combinação de Suape, não tem", garante. Segundo ele, a presença dos empreendimentos estruturadores, como refinaria, petroquímica, estaleiro naval e off shore, indústrias automobilística e siderurgia vem atraindo outras indústrias que vão se acoplando às cadeias já existentes. "E eu estou falando de grandes investimentos", diz.
Para estes novos negócios que vão se instalando por lá, uma logística bastante favorável: "Estamos na ponta do Nordeste do Brasil. Isso facilita a conexão com Europa, África, Sul do Brasil, e Estados Unidos, é um posicionamento geográfico interessante", diz.
Ele aponta que o local se encontra a 800 quilômetros de 90% do Produto Interno Bruto do Nordeste (PIB). Neste raio, encontram-se sete capitais (Além de Recife, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Maceió, Aracaju e Salvador), oito portos internacionais, um porto fluvial e 30 milhões de pessoas. "É o centro logístico do Nordeste brasileiro", sentencia.
Essa situação tem permitido um intenso aumento no volume de cargas escoado pelo Porto de Suape. "Tá crescendo muito o volume de cabotagem e de distribuição através do porto. Pela estrutura que existe hoje e o posicionamento no Brasil, um dos portos que mais tem potencial de crescimento como ´hub port´ (porto concentrador) é o Suape, e não sou quem tá dizendo, são as operadoras", conta Amâncio.
Planejamento
Outro ponto forte de Suape é seu planejamento a longo prazo. Desde sua criação, o complexo já projetava muitos dos empreendimentos que possui hoje, e mais: se preparou para recebê-los. Exemplo disso é a refinaria da Petrobras, a Abreu e Lima, que foi alvo de forte disputa com o Ceará na época em que a estatal estudava onde a instalaria. O terreno onde a usina está sendo construída já estava reservado a ela desde o ano de 1975, quando foi elaborado o Plano Diretor do complexo, três anos antes de o porto começar a operar, informa o diretor da Suape Global, Sílvio Leimig. Agora, está sendo concluída a revisão deste plano, projetando o desenvolvimento do complexo para os próximos 20 anos.
Nova realidade
"Estamos levando em consideração a nova realidade de Suape. Uma parte dos investimentos já eram esperados antes, em 1975. Já outras áreas evoluíram. As plantas petroquímicas, por exemplo, existia uma ideia, mas não havia um espaço predefinido, do mesmo jeito a siderúrgica", esclarece.
Juntamente com o plano diretor, Suape também conta com o Estudo de Impacto Ambiental e seu relatório (EIA/Rima) de toda a sua área, o que facilita o processo ás empresas. "Com isso, as empresas não entram com EIA/Rima, só com o pedido de licenciamento. Isso dá uma segurança maior pro empreendedor. Licenciamento ambiental é uma coisa complexa em todo lugar do Brasil, mas aqui a gente já tem coisas em curso que facilitam".
COM PRÉ-SAL
De olho nas oportunidades do futuro
PE procura se credenciar para não ficar à margem das grandes oportunidades que vão surgindo no Brasil
Pernambuco, estado que traz na arquitetura de várias de suas cidades um retrato bastante preservado do que foi o Brasil no passado, quer saber agora, na verdade, é do futuro do País. Desta forma, procura se credenciar para não ficar à margem das grandes oportunidades que vão surgindo para a economia brasileira, em especial aquelas que vêm na esteira do pré-sal, a nova grande riqueza nacional.
O Estado não é produtor de petróleo, e nem alimenta expectativas de encontrar uma província petrolífera em águas ultraprofundas de seu território. Mas isso, os pernambucanos sabem, não é razão suficiente para ficar de fora dos negócios puxados pelo óleo encontrado sob as águas do Sudeste. Eles já participam desse novo desenvolvimento, e querem ainda mais.
Atrações
Pernambuco já garantiu uma refinaria de petróleo, a Abreu e Lima, que está em construção e deve entrar em operação em 2013. Além disso, estão instalando um grande complexo petroquímico e avançam na criação de um polo naval, tudo na região de Suape. Neste polo, já ganha destaque Estaleiro Atlântico Sul, que possui a maior carteira de encomendas de navios junto à Transpetro, direcionados à produção do pré-sal.
De olho nestas perspectivas da economia nacional, o governo do Estado de Pernambuco resolveu criar a Suape Global, uma diretoria criada para planejamento e prospecção de negócios nas áreas de petróleo, gás, offshore e naval no complexo.
Desenvolvimento
"Suape quer maior desenvolvimento nessas áreas, mas, claro, não só nelas. Tem a área de alimentos, de contêineres, minérios... Mas o governo decidiu criar essa diretoria específica mesmo porque só a Petrobras está investindo nos próximos anos 240 bilhões de dólares. Então, nós queremos nos inserir nesse mercado", aponta o diretor da Suape Global, Sílvio Leimig. E esse planejamento, segundo o diretor, tem dado resultados. "A gente faz visitas bem focadas, a gente sabe o que a gente quer e vai atrás. E recebemos visitas também, muitas delas frutos das nossas visitas e muitas frutos do nome Suape, que deixou de ser conhecido só nacionalmente, e hoje tem conhecimento mundial".
ABREU E LIMA
Refinaria é maior obra da história
Não é por menos que a construção da refinaria Abreu e Lima motivou toda uma mobilização em Pernambuco que foi gerando, como em um efeito cascata, a chegada de inúmeros outros empreendimentos chamados pelos pernambucanos de estruturadores. A usina de refino representa o maior investimento da história do Estado, com um orçamento de R$ 23 bilhões para sua instalação.
O volume de pessoas, ônibus e tratores em trânsito pela área de instalação da refinaria é surpreendente. Garantida para Pernambuco após uma forte disputa com o Ceará durante 2007, a usina pernambucana sofreu inúmeros atrasos e alterações no valor de seu investimento. Hoje, mesmo ainda não concluída, já movimenta a economia pernambucana. São cerca de 18 mil pessoas envolvidas na construção atualmente, número tende ainda a crescer para 28 mil no fim do ano. Além do emprego e da renda que é gerada, ainda existe toda uma cadeia de fornecedores que foi preparada para atender à demanda da Petrobras na instalação do empreendimento, demanda esta que não é nada pequena. Matéria-prima, fardamento, alimentação, transporte são apenas alguns dos produtos e serviços que serão necessários. A preocupação com este fornecimento, já ponta a Petrobras, é assunto de hoje no Ceará, que terá sua refinaria em operação, segundo a atual previsão, em 2017. O presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, esteve aqui recentemente para orientar os empresários a fim de que garantam fornecimento.
Até o fim do ano, a refinaria de Suape irá iniciar a sua etapa de montagem de equipamentos. A unidade, que acaba com um longo período sem novos investimentos na área (a última construída no Brasil foi na década de 1980), terá capacidade para produção de 230 mil barris de petróleo por dia, um pouco menos que a Premium II, do Ceará, que será de 300 mil barris/dia.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/SÉRGIO DE SOUSA
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