Pedro Vial, da Wobben, anuncia que começará a produzir modelo mais moderno de pás para aerogeradores, a E-82
Fabricação de pás de maior porte, que vêm sendo cada vez mais demandadas pelo setor, vai abrir empregos
Primeira indústria a se instalar no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), a Wobben Windpower, que fabrica na unidade pás e torres para turbinas eólicas, deverá abrir oportunidade de emprego para mais 200 profissionais entre este e o próximo ano. A planta fabril irá começar a produzir um modelo mais moderno de pás para aerogeradores, a chamada E-82, e irá ampliar as suas instalações para comportar estes novos produtos. De acordo com o diretor-presidente da empresa, Pedro Vial, essas novas pás são uma exigência do setor por tamanhos cada vez maiores.
"Esta é uma tendência mundial. Na Europa, são ainda maiores, mas não há essa necessidade no Brasil, onde os nossos espaços são mais amplos. E quando a pá é muito grande ainda há o problema de transporte", explica. Este modelo possui 40 metros de comprimento, e as pás ficam colocadas em torres de até 108 metros de altura. A capacidade de produção energética é de 2.000 a 3.000 megawatts (MW). Atualmente, a empresa produz as chamadas E-70, que possuem 35 metros de comprimento. Estas serão substituídas pelo novo modelo.
A Wobben Windpower emprega hoje 300 funcionários no Pecém, e outros 100 em assistência técnica pelo Nordeste. Além da unidade no Cipp, a empresa também possui uma indústria em Sorocaba, onde produz, pás, torres e turbinas eólicas, sendo a primeira fabricante deste produto da América Latina. De acordo com o diretor-presidente, a empresa já instalou 400 MW no Brasil, e irá colocar outros 600 MW até 2012, com contratos já assinados com empresas vencedoras no primeiro leilão específico de energia eólica, ocorrido no ano passado. Assim, irá somar 1 gigawatt (GW) instalado no País. Contudo, destes novos contratos, nenhum é para construção no Ceará. Metade é para parques no vizinho Rio Grande do Norte - que foi o Estado que contabilizou o maior número de contratos de novos parques no leilão - e a outra metade para o Rio Grande do Sul.
Perspectivas
Apesar disso, Vial vê os negócios no Ceará com grandes perspectivas. Mas isso, caso os próximos leilões de energia eólica tiverem o mesmo sucesso do observado no de 2009. Entre estas possibilidades, ele destaca a verticalização da produção dos componentes eólicos aqui, com o início da fabricação de turbinas eólicas.
Aerogeradores na mira
"Nós pretendemos, sim, construir aerogeradores aqui. Na verdade, esta é a intenção desde o início da fábrica, e o terreno já foi projetado pra isso", afirma.
Segundo ele, as turbinas começaram a serem fabricadas na unidade da empresa em Sorocaba (SP) pela maior proximidade dos fornecedores. Para que esse plano seja concretizado, entretanto, afirma que deve existir uma demanda para a empresa de 300 MW por ano no Estado.
Demanda
Apesar de não haver demanda para parques em terras cearenses, ele acredita que isso será possível com a garantia dos leilões específicos anuais, com um volume mínimo de 2 mil MW contratados, como se espera para este ano. Com isso, a unidade de Pecém passaria a fornecer o aerogeradores para todo o Norte e Nordeste, e a de Sorocaba para o Sul e Sudeste.
GERAÇÃO EÓLICA
Impsa pode ter 1 GW no CE
O Estado está na mira de várias empresas do setor, que enxergam no Ceará um terreno potencial para crescer
O Ceará pode ser o maior beneficiado com os projetos de novos parques eólicos que contarão com os equipamentos da argentina Impsa. Entre os contratos feitos com a empresa considerados realmente competitivos para os novos leilões a ocorrerem este ano, que somam mais de 2.000 megawatts (MW), pelo menos metade é para projetos no território cearense.
A informação é do gerente comercial da Impsa, Paulo Ferreira, que falou que a empresa vê possibilidades de negócios maiores no Ceará para o futuro. A empresa possui 100 MW instalados no Ceará, e tem outros 200 MW para montar através dos contratos do último leilão de energia, que devem ser entregues até 2012. Segundo ele, são sete novos parques, que somam investimentos de R$ 1 bilhão, e devem ter suas obras iniciadas em agosto do ano que vem.
Ferreira afirmou que a empresa percebe a possibilidade de ampliar a sua capacidade produtiva, erguendo uma nova unidade de construção de aerogeradores. "Nós vamos estudar a possibilidade do Ceará, claro, porque aqui está a maior produção eólica, as possibilidades do Ceará são grandes. Mas aí vai entrar a questão da concorrência, por exemplo, com o Rio Grande do Norte", destaca, garantindo que esta fábrica seria, seguramente, erguida no Nordeste. A Impsa já possui uma fábrica de aerogeradores em Pernambuco, no complexo industrial de Suape. Lá, a empresa está investindo R$ 300 milhões na ampliação da unidade fabril. "Possuímos, por lá, 27 hectares, dos quais somente oito estão ocupados", diz.
Vestas
Uma outra empresa do setor que tem em sua estratégia planos para a construção de uma fábrica de aerogeradores é a Vestas. O gerente geral da companhia, Carlos Levy, confirma o interesse da empresa, mas afirma que a localização do empreendimento ainda não está definido. Contudo, a empresa já está implantando uma base em Fortaleza, onde fará estoque de peças, pequenas montagens de naceles e área para serviços e treinamento. Segundo Levy, este "será o início de um plano maior no Estado", sem detalhar, contudo, qual seria este novo plano. "O Ceará é uma região importante para o setor de eólicas, e estamos de olho".
Mercurius
Quem também vem se beneficiando com o novo momento que vive o setor de eólica, com mais incentivo do governo, é a cearense Mercurius Engenharia S.A. A empresa é conhecida como a que possui o maior know-how na construção de parques eólicos do País, atuando em todo o mercado nacional. No Estado, construiu cinco parques: Camocim, Lagoa do Mato, Paracuru, Icaraizinho de Amontada e canoa Quebrada, todos da Siif Énergies, com equipamentos da Suzlon. "A Mercurius vem se preparando para o aumento da demanda do segmento", aponta o diretor técnico da empresa, Ricardo Teixeira.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/SS
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