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Artigo - Atração e desenvolvimento das mulheres para mover os portos brasileiros

Alavancar a inclusão socioeconômica de mulheres e fomentar a equidade de gênero nos vários setores profissionais é um compromisso com o futuro, afinal, a quantidade de mulheres responsáveis financeiramente pelos domicílios brasileiros não para de crescer.

Elas já sustentam quase metade dos lares no país, segundo levantamento da Consultoria IDados, realizado com base nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021. No entanto, a PNAD Contínua mais recente, de agosto de 2022, aponta que a taxa de desocupação das mulheres (11,6%) é a mais alta entre os públicos analisados e fica acima da média nacional (9,3%).


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Criar oportunidades e desenvolver carreiras pensando nelas causa impacto de longo prazo nas comunidades. Quando elas se empoderam, alcançam níveis socioeconômicos melhores – e um país só se desenvolve quando há igualdade e justiça social. Quem também ganha com a participação feminina do mercado de trabalho são as empresas. As mulheres são donas de competências fundamentais para tornar os setores mais produtivos – o que, na realidade logística, significa reduzir urgentemente o Custo Brasil a fim de aumentar o fluxo do comércio global.

Apesar da predominância ainda masculina no mercado de trabalho, o movimento para ampliar a presença delas já começou no setor logístico, mais especificamente no portuário.

Vemos hoje mulheres tendo protagonismo nas mais altas esferas portuárias do país, liderando pastas relevantes na ANTAQ ou presidindo Autoridades Portuárias Brasil afora, chegando à gestão de grandes players do setor e realizando operações vitais para mover as cargas nos portos brasileiros. Aqui mesmo no Porto de Santos não faltam mecanismos para fortalecer a presença feminina no cais.

O progresso na representação da mulher em todo o setor passa por possibilitar a entrada no mercado de trabalho, iniciativas de formação e ascensão de carreira e alocação de recursos dedicados para a Diversidade & Inclusão. Em Santos, alguns terminais já têm isso em prática, e, como resultado, elas estão se estabelecendo em cargos tradicionalmente ligados aos homens.

As políticas de equidade de gênero já foram responsáveis pelo surgimento de posições históricas. É o caso da primeira operadora de portêiner e a primeira operadora de costado do Porto de Santos. Comandar com precisão um guindaste a 42 metros do chão; amarrar as embarcações que chegam ao cais; envolver contêineres com cabos de aço, entre outras atividades, também são tarefas delas, que chegaram lá graças à capacitação — seja nas instituições de ensino ou diretamente com os empregadores -, potencializada pela ambição de realizar um sonho.

Os investimentos em formação não apenas desenvolvem as carreiras femininas. Recentemente, treinamos 44 operadoras de ITV (carretas para movimentação interna), o que corresponde a 36% das mulheres presentes na operação, proporcionando mais segurança a todas as partes envolvidas no dia a dia das instalações e aprimorando a eficiência do terminal.

As mulheres favorecem, ainda, a performance ESG das companhias. Sabemos que os gigantes players do setor necessitam de um bom desempenho nas questões ambientais, sociais e de governança, uma vez que eles estão em pauta nas discussões de grandes agentes econômicos. A presença de mulheres na liderança beneficia a avaliação geral ESG e carrega para dentro das empresas mais sensibilidade em relação a essa agenda, características como liderança democrática, resiliência e valorização das relações, e contribui para superar o obstáculo de gênero. Quanto mais mulheres ocupando os altos cargos, mais diversidade em competências e atributos teremos para mudar o cenário.

Os avanços rumo à igualdade apresentam ainda várias barreiras, mas o setor portuário está aberto para que elas escolham vir e se desenvolver. O segmento tem a ânsia de prosperar – a ANTAQ projeta crescimento de 2,9% até o fim do ano – e não há outro caminho que não seja incluir, valorizar e principalmente empoderar as mulheres no mercado de trabalho.

Alcino Therezo é diretor de Pessoas na DP World Santos






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