Por Patrícia Iglesias
Mais sustentável, com maior segurança, menor risco de avarias e custo reduzido. Esses são alguns dos fatores que tornam a cabotagem uma das opções mais vantajosas para empresas e produtores que querem distribuir suas cargas pelo Brasil. Com dimensões continentais e dependente das rodovias, o país vem buscando novas soluções logísticas para atender as demandas do mercado brasileiro.
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O transporte porto a porto pela costa tem se difundido. Especialmente para trajetos mais longos, a cabotagem se apresenta como a solução ideal. A redução de custos em rotas de maior distância pode chegar a 30% em comparação com o modal rodoviário. Atualmente, três grandes armadores operam navios de contêineres na cabotagem, o que demonstra que o segmento já é relevante, mas que tem muito potencial para crescer.
O Tecon Salvador foi o primeiro terminal de contêineres do Brasil a criar uma célula comercial dedicada à cabotagem em 2012. Percebemos o potencial da navegação costeira há seis anos e decidimos investir no segmento, tendo inclusive implantado unidades em São Paulo e Amazonas. Apesar de não vendermos diretamente o serviço, estamos constantemente em contato com nossos clientes e com outras empresas para mostrar os benefícios do modal.
O retorno tem sido expressivo. De 2012 a 2017, o volume de contêineres que passaram pelo Tecon Salvador pela cabotagem cresceu 62% desde o início da célula dedicada, ultrapassando a marca de 43 mil contêineres cheios no ano passado. Entre os principais segmentos atendidos estão os de químicos, polímeros e construção civil no embarque e de arroz, polímeros e alimentos, na descarga.
Para os próximos anos, estamos trabalhando ativamente para conquistar ainda mais cargas e clientes. A parceria com os armadores será fundamental para avançarmos nesse setor. Graças à atuação ativa dos armadores, iniciamos as operações em segmentos que até então não operavam na navegação costeira, como os de bebidas, construção civil e automotivo.
O principal desafio para o crescimento da cabotagem é o planejamento. Para que o aumento do lead time seja compensado pela redução de custos, menor risco de avarias/sinistros e ganhos com sustentabilidade (com menor emissão de CO2), é importante que os gestores conheçam os serviços marítimos disponíveis e o modus operandi de cada terminal de origem e destino.
O Brasil precisa diversificar sua matriz logística e reduzir a dependência das estradas para desenvolver sua economia. A cabotagem consolidada fortalece nossos portos, armadores e produtores em toda a costa do país. Esta é a hora de mudar.
Patrícia Iglesias é diretora comercial do Tecon Salvador