O setor de óleo e gás tem desenvolvido historicamente inúmeras tecnologias que permitiram a exploração de novas fronteiras, como o pré-sal brasileiro, além de propiciar um aumento expressivo de produtividade dos campos e da segurança das operações. Mas, agora, um outro desafio se coloca: os novos patamares de preços do petróleo obrigam as Oil Companies e seus fornecedores a buscarem formas de redução de custos para se manterem competitivos, além de melhorarem ainda mais os seus processos relacionados à saúde, segurança e meio ambiente.
O uso da tecnologia é cada vez mais essencial para o progresso do setor nesse novo cenário e percebemos que as startups se tornaram parceiras preciosas para nos ajudar nessa jornada. Esses empreendedores podem aproveitar a criatividade típica do ambiente de inovação em que estão inseridos e a experiência acumulada em outros ramos da economia para nos apoiar na solução dos atuais desafios. Foi por isso que, no ano passado, a Ocyan lançou o programa Ocyan Waves Challenge com o objetivo de se aproximar do ecossistema de startups em busca de soluções para questões que não tivemos a expertise para solucionar internamente ou com fornecedores tradicionais, de forma efetiva.
PUBLICIDADE
Um dos maiores desafios que encontramos ao longo da execução do Ocyan Waves Challenge foi fazer com que as startups conseguissem mergulhar no setor de óleo e gás, que é extremamente técnico e com várias peculiaridades. Podemos citar como exemplos a exigência de altos padrões de segurança em operações offshore e a complexidade dos equipamentos e processos. Mas a primeira experiência do programa nos mostrou que essas questões são resolvidas quando o foco é o trabalho, a cooperação e a busca por soluções. As startups conseguiram com muita agilidade se conectar com o nosso mundo e propuseram soluções muito pertinentes, que estão ajudando a aumentar a nossa performance de operação e segurança.
E para nossa grata surpresa as propostas conseguiram superar nossas expectativas e elas vieram de startups de várias regiões do país. A Delfos (Fortaleza), por exemplo, usou sua experiência de aplicação de inteligência artificial em negócios de energia eólica para nos ajudar a aperfeiçoar o sistema operacional do Subsea Blowout Preventer (BOP), um equipamento que controla pressões no interior do poço, e o resultado foi excelente. A Rio Analytics (Rio de Janeiro) apresentou um programa para o controle de produtividade dos tubos de perfuração. Já a Smarti (Curitiba) aprimorou a gestão do recebimento e expedição de materiais, digitalizando grande parte do processo. A Confirm8 (São Paulo) nos ajudou a otimizar o processo de inspeção de equipamentos. Tivemos ainda a Checklist Fácil (Florianópolis), que aperfeiçoou o controle de documentos a bordo das embarcações e a SocialBase (Florianópolis) está nos ajudando a melhorar a comunicação com os integrantes que ficam embarcados.
As startups nacionais estão em franco desenvolvimento e atentas às oportunidades. Algumas já realizam trabalhos no exterior, o que demonstra que a tecnologia e a capacidade de inovação brasileira estão sendo reconhecidas em várias áreas e nos mais diferentes países. Esperamos que os novos inscritos para a segunda edição do Ocyan Waves Challenge continuem nesse caminho e que possam trazer cada vez mais soluções criativas, inovadoras e de fácil aplicação para esse complexo ambiente que é a indústria de óleo e gás.
Rodrigo Lemos é diretor de Produção Offshore da Ocyan e líder do Ocyan Waves