Por Marcus Voloch
• Comemoramos, recentemente, o recorde de utilização de um de nossos navios da cabotagem, que saiu de Sepetiba com mais de 50 mil toneladas a bordo. Nunca o mantra da redução de custos, segurança e confiabilidade proporcionados pelo modal marítimo foi tão utilizado.
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Após um período de recessão que gerou instabilidade no mercado, empresas de todos os tamanhos e setores passaram a reavaliar sua cadeia de distribuição à procura de eficiência e fazer mais com menos. Nesta busca pela melhor solução, muitas acabaram substituindo o modal rodoviário pelo marítimo, seja pela redução de custos – que pode ultrapassar 20% -, seja pelos outros benefícios da cabotagem, como menor índice de sinistralidade, cumprimento de prazos, regularidade e sustentabilidade.
Em 2016, a Aliança registrou 7% de crescimento no modal, chegando a 210 mil contêineres movimentados - 15 mil a mais do que no ano anterior. Para este ano, nossa expectativa é manter o ritmo de crescimento, já que no primeiro trimestre percebemos uma maior movimentação dos clientes.
Com a crise, diversas organizações estão revendo conceitos e revisitando cada oportunidade de otimização no fluxo de mercadorias, seja no fluxo inbound de matérias-primas para produção, transferência de mercadorias entre plantas e centros de distribuição (CDs) até a expedição de produtos acabados.
O ciclo de venda da cabotagem é longo e requer um trabalho de convencimento constante. À primeira vista, o modal parece ser complicado e inacessível. Os lead-times, eventualmente mais longos se comparados ao rodoviário, afugentam as equipes comerciais dos clientes, que querem ver seus produtos nas prateleiras o quanto antes. A cadência semanal ou bissemanal exige um maior planejamento da expedição; o estoque em trânsito precisa ser melhor gerenciado, já que o lead-time mais longo significa mais capital de giro empenhado em estoque em trânsito.
Vencidas as resistências iniciais, é hora de agendar um piloto para que conheçam de perto os benefícios do transporte marítimo. A mudança do caminhão para o contêiner requer alguns estudos para que tudo se encaixe durante a coleta e a entrega. Desde o layout da fábrica, uso de docas e rampas, tipo e tamanho de embalagem, modo de estufagem do contêiner, mão-de-obra, tempo de trânsito até o terminal portuário ou ferroviário, por exemplo. Uma miríade de variáveis é analisada in loco para garantir que tudo corra bem.
Todo esse trabalho traz um resultado visível e inquestionável: cerca de 70% dos contêineres movimentados pela Aliança foram na modalidade porta a porta, na qual a empresa é responsável por todas as etapas do transporte, da coleta no expedidor até a entrega no destinatário final. Nesses 70%, o índice de pontualidade nas coletas e entregas está acima de 90%. Já o de avarias e roubos não chegou a 0,1% em 2016.
Nesse primeiro trimestre de 2017, constatamos um significativo aumento da penetração da cabotagem em clientes que já faziam uso do modal. Setores que foram afetados pela crise, com diminuição significativa em suas vendas, viram na cabotagem uma maneira de dar mais ênfase à economia, sempre aliada à confiabilidade do serviço. Com isso, alcançamos um índice de crescimento bastante satisfatório dentro da base de clientes já existentes.
Ainda assim, a renovação é grande, com quase uma centena de novos clientes que experimentaram a cabotagem no primeiro trimestre. O crescimento no volume total transportado ficou acima do esperado, o que nos estimula a ampliar as novidades para os clientes ao longo do ano, combinando inovação e segurança.
Marcus Voloch é gerente geral de Mercosul e Cabotagem da Aliança