A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que já advogou pela alta do dólar a fim de ganhar competitividade internacional, está preocupada com o comportamento recente do câmbio. O ideal é a estabilidade, diz José Velloso, presidente-executivo da entidade.
Velloso explicou ontem, em entrevista coletiva após apresentar os números do setor em julho, que do pedido do cliente no exterior até a fabricante entregar efetivamente a máquina, se passam, em geral, quase 120 dias. As empresas têm de fazer seu planejamento de acordo com esse cronograma e no momento é muito difícil de prever como estará o câmbio, reclama.
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"A estabilidade, portanto, é muito importante. Mas o ideal para o país, não só para a Abimaq ou a indústria de transformação, é taxa cambial que ajude no equilíbrio da balança comercial brasileira", afirmou Velloso. "Por enquanto, parece impossível isso. Porque a volatilidade vai ser regra enquanto não houver agenda definida para as reformas que o país precisa."
A reclamação quanto à instabilidade cambial vem em um momento bom para a exportação da indústria de máquinas e equipamentos. De janeiro a julho, foram embolsados US$ 5,48 bilhões com vendas ao exterior, 13,9% a mais do que no mesmo período de 2017.
A Abimaq crê em até US$ 10,3 bilhões no ano fechado, se reaproximando da máxima histórica de 2012, que, levando em conta produtos ainda contabilizados no levantamento da associação, foi de US$ 11 bilhões. No ano passado, as fabricantes exportaram US$ 9,09 bilhões. O problema, ressaltou Velloso, é que a importação também deve subir no ano, resultando em mais um ano de déficit na balança comercial do setor.
Por aqui, o desempenho do consumo de máquinas e equipamentos em julho confirmou a trajetória que já era esperada para 2018, de acordo com a Abimaq. A projeção foi mantida em um crescimento de 7% da receita líquida total durante o ano. Em 2017, o volume foi de R$ 67,14 bilhões.
Nos sete primeiros meses do ano, a receita líquida total subiu 4,7% em comparação anual, para R$ 42,13 bilhões, sendo que a interna caiu 4,9%, para R$ 22,76 bilhões. O consumo aparente brasileiro cresceu 10,5% e atingiu R$ 57,32 bilhões. A performance tem melhorado tanto que o nível de utilização da capacidade instalada chegou ao maior patamar em quatro anos, de 77,3% em julho.
Fonte: Valor