SÃO PAULO - A exemplo do que já foi feito recentemente pelo setor de eletroeletrônicos, a indústria de bens de capital mecânicos vai pedir ao governo um aumento para 35% da alíquota de importação de máquinas e equipamentos com similares nacionais.
A proposta - a ser entregue na próxima semana ao Ministério da Fazenda - corresponde a uma "medida emergencial" diante da perda de competitividade dos fabricantes nacionais com a valorização do câmbio, disse hoje a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
"Se o Brasil não fizer algo emergencial, colocaremos em risco o futuro desse país", afirmou o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, após citar que as importações de máquinas e equipamentos em julho - de US$ 2,253 bilhões - foram as mais altas da série histórica de 70 anos.
Segundo a Abimaq, a alíquota de importações de máquinas está girando ao redor de 14%. Ao tentar elevar a taxa, o setor busca conter o forte avanço de produtos importados no mercado doméstico, um movimento que deverá produzir neste ano um déficit comercial de US$ 13,838 bilhões na balança das transações desses bens de capital.
Os produtos chineses são os que mais ganham peso na demanda brasileira, representando já 11,9% de tudo o que foi importado pelo país neste ano. Na frente da China, aparecem apenas a Alemanha, com share de 12,4%, e os Estados Unidos, que respondeu por 26% das compras externas de máquinas e equipamentos entre janeiro e julho.
No entanto, enquanto as participações dos fornecedores alemães e americanos mostram retração, a fatia dos chineses dentro das importações brasileiras - que era de apenas 2,1% em 2004 - marca franca expansão. Caso o ritmo seja mantido, a expectativa é que a China supere a Alemanha em dois meses, projetou Aubert Neto, apontando também que boa parte das importações corresponde a máquinas já produzidas pela indústria nacional.
Em outra frente, a entidade já solicitou ao governo a manutenção dos juros anuais de 5,5% nos financiamentos de bens de capital do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), cujo término está previsto para dezembro.
A "perenização" da taxa visa segurar a demanda doméstica, principal responsável pela expansão de 15% do faturamento da indústria de máquinas e equipamentos neste ano.
As exportações, que chegaram a responder por 35% da receita do setor em 2006, respondem neste ano por 22% das vendas totais. O quadro é atribuído ao fortalecimento do real, combinado a um arrefecimento de alguns mercados de fora a partir da crise financeira internacional.
Sobre o tema, Aubert Neto disse que o ideal seria o dólar estar dentro de uma faixa de R$ 2,2 a R$ 2,3. "Sou a favor do câmbio livre, mas não com o Brasil mostrando a maior taxa de juros do mundo", comentou.
Com o pedido que será levado a Brasília, a Abimaq se soma à Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) na busca por medidas compensatórias à situação cambial. A entidade dos fabricantes de eletros apresentou neste mês ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um conjunto de ações que inclui o aumento para 35% do imposto de importação para uma lista de 120 itens envolvendo equipamentos elétricos de uso industrial e para geração, transmissão e distribuição de energia.
(Fonte: Valor Online/Eduardo Laguna)
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