O rompimento da barragem I da Mina do Feijão, da Vale em Brumadinho (MG), e seus desdobramentos nas operações da maior produtora de minério de ferro do mundo levaram a commodity a registrar novo recorde. Na volta do feriado prolongado do Ano Novo Lunar, na China, enquanto os contratos futuros atingiram o limite de alta em Dalian, a tonelada da commodity no mercado à vista alcançou o maior preço desde março de 2017, com as preocupações em relação ao crescimento chinês compensadas pela restrição de oferta no curtíssimo prazo.
Segundo a "Metal Bulletin", a tonelada do minério de ferro com pureza média de 62% entregue no porto de Qingdao avançou 5,9%, para US$ 90,58 a tonelada. Desde 20 de março de 2017, quando a tonelada atingiu US$ 91,49, os preços não tinham voltado a tocar a casa dos US$ 90. Com o desempenho de ontem, a commodity acumula valorização de 24,54% em 2019. No mês, a alta é de 6,14%.
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Os contratos futuros negociados em outras praças já indicavam que a retomada pós-feriado, que fechou o mercado chinês na semana passada, seria de valorização importante. Na Bolsa de Commodities de Dalian, o contrato de minério de ferro para maio subiu 30,50 yuans em relação ao fechamento de 1º de fevereiro, para 652 yuans (US$ 96,66) a tonelada.
Após o acidente em Brumadinho, analistas internacionais apontaram que a tonelada da commodity pode chegar a US$ 100 no curto prazo. No UBS, o preço projetado para 2019 foi revisto de US$ 65 para US$ 74 a tonelada - e, para 2020, subiu de US$ 66 para US$ 70 por tonelada.
Em relatório de sexta-feira, o banco calculava que, neste momento, a Vale tem o equivalente a 50 milhões de toneladas de produção ao ano paralisada. Essa perda, porém, deve ser parcialmente compensada pelo aumento de produção em outras minas, sobretudo Carajás (PA).
Na avaliação do Julius Baer, as commodities em geral seguem mostrando desempenho em linha com os ativos de risco, com exceção do minério. "O mais recente incidente em mineração no Brasil alimentou temores relacionados à oferta e jogou para o segundo plano, ao menos temporariamente, os receios com o crescimento da China", informou o banco.
Há uma semana, porém, o analista de commodities Carsten Menke, do Julius Baer, destacou que, embora os riscos crescentes de oferta deem suporte para preços mais altos no curto prazo, no longo prazo o mercado deve permanecer bem abastecido, diante da sazonalidade e da demanda mais fraca das siderúrgicas chinesas.
Ao jornal "Financial Times", por sua vez, analistas do banco ANZ, destacaram que os riscos de maior redução de oferta cresceram fortemente na semana passada, depois que foi determinada a suspensão das operações em uma barragem da mina de Brucutu, também da Vale, em Minas Gerais.
As ações das mineradoras Rio Tinto e BHP fecharam em alta ontem na bolsa de Londres. A Rio Tinto subiu 0,52% e a BHP, 1,3%. Na B3, a Vale perdeu 2,64%.
Fonte: Valor