Nem de longe a Açotubo lembra hoje suas origens: uma fornecedora de sucata de ferro e aço a siderúrgicas. Sob a gestão dos atuais sócios, um ramo da família italiana Bassi que chegou ao Brasil no fim do século 19, foi fundada em 1973 em Guarulhos, na Grande São Paulo. Desde então, com o aprimoramento de suas operações, cresceu sem parar e transformou-se na maior distribuidora de tubos do país. Para 2012, projeta superar a marca de R$ 1 bilhão de faturamento. Isso significa dobrar de tamanho em comparação a dois anos atrás.
O foco de atuação dos Bassi, na figura de três irmãos acionistas, é um amplo leque de atividades: desde o mercado de obras ligadas ao setor de petróleo e gás, no qual tem como clientes importantes a Petrobras e suas prestadoras de serviços, passando pelos setores agrícola, de máquinas e equipamentos, químico e petroquímico e de energia até fabricantes de autos e motopeças. Esse leque não para por aí.
Para diversificar os negócios, três anos atrás os Bassi fizeram sua primeira grande aquisição, Compraram a Artex, uma empresa instalada no Rio de Janeiro com atuação no mercado de aço inox. Com isso, passou a atender indústrias de bebidas e alimentícia, redes hospitalares e o mercado da construção civil. Ao todo, foram investidos R$ 55 milhões, incluindo transferência dos ativos para São Paulo e a modernização das instalações. Pela primeira vez, usaram uma linha de financiamento do BNDES, que garantiu 30% do total dos recursos.
Luiz Eugênio, presidente e que se dedica à área operacional, José Antônio Ribamar, diretor comercial - jornalista e escritor nas horas vagas -, e Wilson Donizetti, responsável pelas finanças e administração, comandam a companhia, que já tem status de grupo. Controla três empresas no ramo de produtos de aço - Açotubo, Incotep e Artex - e outras que avançam nas áreas imobiliária e de logística. Seu expertise, todavia, é o mercado de tubos.
"Ninguém quer saber de IPO, por enquanto", diz Wilson Bassi, sobre um possível lançamento de ações da companhia
A filosofia da Açotubo, que atua com praticamente 100% de tubos nacionais, é crescer com operações pequenas e cada passo é dado depois de muito estudo, comenta Luiz Eugênio, administrador de empresas. A companhia conta atualmente com carteira de 15 mil a 18 mil clientes ativos, os quais fazem pedidos de compras desde 30 quilos até 30 toneladas. Um dos seus mais recentes pedidos veio da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (RO): foi um lote de 450 toneladas.
Para atender a demanda do interior paulista, que cresce em máquinas agrícolas e em outros setores industriais, recentemente abriu a sexta filial do grupo, em Sertãozinho. Também no ao passado, fez uma parceria com a Gerdau Aços Especiais para vender esse tipo de aço grandes fabricantes de autopeças.
Na sua ampla instalação no bairro de Cumbica, a Açotubo não apenas vende tubos. Em sua linha de máquinas faz o corte, a laser, e o acabamento do material que recebe de Vallourec e ConfabTenaris, serviços que adicionam valor às suas operações. A Incotep é especializada em produtos trefilados, usados para fabricar autopeças e motopeças. Para a Artex, que enfrentava problemas, mas tem uma marca forte, os novos donos já vislumbram dobrar sua participação de mercado, atualmente de 8%. Só perde para a Amorim, da Aperam (ex- ArcelorMittal Inox).
"Nem ThyssenKrupp nem Texas Pipe têm instalações tão modernas como a nossa. Empresários estrangeiros fazem questão de nos visitar e ficam surpresos", assegura Ribamar Bassi. A expansão da economia do país já deixa os Bassi em alerta. Com capacidade de operar 11 mil toneladas ao mês e já com vendas acima de 8 mil, em breve terão de pensar em nova expansão das instalações. "É o suficiente apenas para mais três anos", comenta Wilson.
Cerca de 70% do faturamento do grupo, que para 2011 está projetado na casa de R$ 900 milhões, vem da Açotubo. Representará alta de 27% sobre 2010, repetindo o desempenho obtido no ano anterior. O restante é dividido meio a meio entre Incotep e Artex. "Sempre crescemos acima da taxa do PIB", dizem os irmãos, orgulhosos de não carregar dívida bancária. "Se o país continuar crescendo ao ritmo anual de 5% pode faltar aço e outros materiais", afirmam
Com o tamanho que adquiriu e com o perfil financeiro saudável que assegura ter, a Açotubo é alvo de bancos para possível abertura de capital. "Ninguém quer saber de IPO (sigla em inglês de oferta pública de ações), por enquanto" afirma Wilson, também administrador de empresas e com pós-graduação na FGV.. Mas admitem que a nova geração dos Bassi, que já ocupa cargos nas empresas do grupo, olha o tema com mais naturalidade. Já somam cinco integrantes: dois administradores de empresas, um engenheiro, um advogado e um arquiteto.
Intencional ou não, a Açotubo deu o primeiro passo nesse sentido no ano passado. Pela primeira vez, fez a auditagem de seu balanço. Segundo os acionistas, a empresa tem uma margem Ebtida (sigla em inglês de lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) de 17%, superior à média do mercado de distribuição de tubos e aços, que é de 15%.
O mercado, apesar de aquecido, informam os acionistas da Açotubo, sofreu os preços deprimidos do aço durante e após a crise mundial de 2008 e a concorrência dos importados no ano passado. "As margens ficaram menores e as despesas cresceram", dizem.
Fonte:Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De Guarulhos
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