Seguir de perto o crescimento da siderurgia e da petroquímica é uma das estratégias da gigante francesa Air Liquide, uma das líderes do mercado mundial de gases industriais, para abocanhar, entre 2013 e 2014, até 25% do mercado brasileiro, consolidando a posição de segunda colocada, depois de White Martins (grupo Praxair). Este ano a empresa inaugura no país 16 plantas de vários portes, elevando para 51 o total de unidades geradoras de gases no Brasil.
"Há dez anos a participação da Air Liquide no Brasil não passava de 6%, mas já estamos próximos a 18% e, apesar da liderança da White Martins, somos claramente reconhecidos como segundos", disse Pierre Dufour, vice-presidente mundial, ao Valor. No Brasil para participar do Challange Bibendum, evento de tecnologia e sustentabilidade promovido pela Michelin, Dufour informou que as metas de crescimento da empresa são ambiciosas e têm relação direta com o crescimento da siderurgia e da petroquímica.
Na produção de aço, a empresa ganhou o contrato de fornecimento de gases para a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da alemã ThyssenKrupp, com inauguração prevista para este ano. A unidade terá capacidade para produzir 3 mil toneladas ao dia de gases do ar (oxigênio, nitrogênio e argônio), segundo a a empresa, a maior da América Latina.
Outra estratégia para a expansão no Brasil, segundo o executivo, é o crescimento em outras regiões fora do Sudeste e Sul, onde até o ano passado a empresa estava concentrada. No fim de 2009, foi inaugurada uma fábrica de 60 toneladas/dia em Candeias (BA), situada dentro das instalações da Dow, mas com excedente para atendimento a outros clientes. Neste ano, chegou ao Centro-Oeste, com o centro de enchimento de cilindros de Aparecida de Goiânia (GO).
Dufour, assim como dirigentes da Michelin ouvidos no evento pelo Valor, também tem uma visão mais otimista da crise atual do que alguns analistas, como o americano (nascido na Turquia) Nouriel Roubini. Para o executivo da Air Liquide, a crise já foi superada largamente em vários países da Ásia, Américas (inclusive o Brasil), Oriente Médio e Leste Europeu.
Ele vê também os Estados Unidos recuperando os níveis de 2008, embora em ritmo mais lento, e conclui que os problemas estão concentrados na Europa Ocidental e no Japão. Mesmo nessas dos áreas ele diz que há setores em forte expansão, como o de semicondutores no Japão, e destaca que o balanço do primeiro trimestre da Air Liquide captou justamente o quadro acima.
As vendas de gases e serviços cresceram 8,3% em todo o mundo, somando € 2,76 bilhões, enquanto as vendas totais atingiram € 3,15 bilhões, com alta de 5,2%. O aumento das vendas de gases e serviços alcançou 25% na Ásia e no Pacífico, mas não recuou no continente europeu (mais 1,8%). No Oriente Médio e África, houve aumento de 21% e nas Américas, de 11,2%.
Enquanto faz força para expandir suas linhas tradicionais de produtos, a multinacional francesa concentra esforços de pesquisas em tecnologias do futuro, como hidrogênio veicular e etanol. Baseado em pesquisas de 50 anos da Air Liquide, Dufour informa que por volta de 2025 o mundo estará superando os principais obstáculos para a universalização dos veículos elétricos movidos a baterias com células de hidrogênio, o preço e a escala reduzida para justificar investimentos em redes de abastecimento.
O ponto de inflexão, segundo o executivo, será o momento que a frota de veículos movidos a hidrogênio alcançar 1% da frota mundial (entre 2 milhões e 3 milhões de carros). Ele avalia que os esforços feitos pelos governos dos Estados Unidos e Alemanha irão abrir caminho para viabilizar comercialmente o hidrogênio.
Fonte: Valor Econômico/Chico Santos, do Rio
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