A explosão de preços da soja no país trouxe ganho certo para produtores. A desvalorização cambial e a intensa demanda externa pela oleaginosa, principalmente por parte da China, fizeram os preços saírem de R$ 70 por saca, em setembro de 2017, para R$ 97 um ano depois. Atualmente, estão em R$ 150, conforme levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Essa acelerada evolução dos valores de negociações acabou, porém, trazendo pesados custos para algumas empresas. Foi o que ocorreu com a Herbinorte e seus sócios produtores Nelson Henrique Valtuille Marttinez e Beatriz Maria Vian.
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Fornecedora de insumos para a agricultura e para a pecuária, e atuante no Maranhão, no Pará e em Tocantins, a empresa elevou, em 2017 e em 2018, o volume de negociações com “barter” —troca de insumos por produtos ainda a serem colhidos.
Cooperativa (COOPA-DF), que fica na zona rural de Planaltina, região administrativa do DF, toma cuidados adicionais com funcionários em meio à pandemia de Coronavírus. A obrigatoriedade do uso de máscara e EPI na zona de produção foi reforçada e ampliada para o pessoal que trabalha na parte administrativa e as equipes de trabalho reduzidas para evitar aglomerações. Na foto, caminhão é carregado com soja em um dos silos da cooperativa.
Cooperativa (COOPA-DF), que fica na zona rural de Planaltina, região administrativa do DF, toma cuidados adicionais com funcionários em meio à pandemia de coronavírus; preço da soja saltou para R$ 150 - Pedro Ladeira/Folhapress
Embora lastreadas em CPR (Cédula de Produto Rural), parte dessas operações acabaram não acontecendo. Muitos produtores, diante dos novos preços da soja e do milho, mais elevados do que os do contrato, não fizeram a entrega dos grãos à empresa, mas os repassaram para terceiros.
A atitude desses produtores reduziu a capacidade de geração de receitas da empresa, segundo Enrique Valtuille, diretor-geral da Herbinorte.
A geração de caixa foi afetada, ainda, pelo atraso no pagamento, por parte de alguns produtores, que alegaram demora na entrega de fertilizantes ou problemas na qualidade do insumo, atribuindo a responsabilidade de terceiros à Herbinorte, afirma ele.
O diretor-geral atribui, ainda, uma perda de liquidez à quebra de contrato de grandes empresas de fertilizantes, com autorização indevida de venda de insumos agrícolas por terceiros em sua área de atuação.
Com dívida de R$ 40 milhões, a empresa de distribuição de insumos agropecuários teve queda de 45% no faturamento, e enfrenta inadimplência.
O resultado foi que a Dasa Advogados apresentou um processo de recuperação judicial para a Herbinorte. O processo foi deferido, e a Justiça suspendeu ações e execuções contra o grupo pelo período de 180 dias.
Para os advogados da Dasa, a recuperação judicial, quando necessária, deve ser feita o quanto antes. Ela permite ao produtor rural e às empresas a manutenção da atividade empresarial e dos postos de trabalho, além da reestruturação da empresa e do planejamento de pagamentos das dívidas.
A Embrapa Soja terá novo gestor a partir desta quinta-feira (1). O engenheiro agrônomo Alexandre Nepomuceno, pesquisador de carreira da empresa, assume a chefia-geral da unidade, substituindo José Renato Bouças Farias, que estava no comando desde outubro de 2013.
Pesquisador da Embrapa há 30 anos, Nepomuceno tem experiência tanto como cientista quanto como gestor de projetos e equipes. Foi membro da CTNBio e esteve à frente do portfólio de engenharia genética da Embrapa.
Para o novo gestor, a Embrapa deve estar atenta às grandes inovações, assim como resolver os problemas cotidianos que afetam as cadeias produtivas.
Um dos grandes desafios é trazer o conhecimento proporcionado pela revolução digital, pela bioeconomia e pelas técnicas de genética avançada para compor com o que já faz parte das expertises dos pesquisadores, afirma Nepomuceno.
O pesquisador possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestrado em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PhD em Biologia Molecular e Fisiologia de Plantas, pela Universidade de Arkansas e pós-doutorado no Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), no Japão. Coordenou o Programa Labex da Embrapa em Biotecnologia de plantas em parceria com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) de 2011 a 2013.
Sua experiência de pesquisa está focada em Fisiologia Vegetal, Biologia Molecular, Engenharia Genética e Edição de Genomas (sistemas CRISPR), tolerância à seca, obtenção e caracterização de plantas geneticamente modificadas e biossegurança de OGMs, segundo a Embrapa.
ELEIÇÕES NA APROSOJA-MT
Oposição e situação registraram suas chapas nesta terça-feira (29) para concorrer à eleição de 9 de novembro da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso). A diretoria eleita estará à frente da entidade no triênio 2021 a 2023.
Marcos Rosa é o candidato à presidência pela chapa "Aprosoja para Todos", da oposição. Já Fernando Cadore é o representante da situação, com a chapa “Aprosoja Decidida – Produtor Mais Forte”.
Rosa, que já foi presidente da Aprosoja Brasil no período de 2016 a 2018, tem Ricardo Arioli como candidato a vice-presidente. Já Cadore, o atual vice-presidente da entidade, terá com companheiro de chapa Lucas Luiz Costa Beber.
Para Rosa, é preciso uma recuperação dos valores essenciais da entidade, como a busca pela participação do maior número possível de associados e da importância de critérios científicos e legais para a produção sustentável. Nos últimos anos, esses valores se perderam, segundo ele.
Cadore tem entre seus objetivos a utilização do Fethab apenas para infraestrutura, luta contra a cobrança do passivo do Funrural, ampliação da armazenagem na propriedade, classificação de grãos, empenho para a alteração da data de plantio da soja, baseada em pesquisa agrícola científica, e pautas tributárias.
Fundada em 2005, a Aprosoja reúne aproximadamente 6.000 produtores de soja e de milho em Mato Grosso.?
Fonte: Folha SP