A temporada de reajuste no preço do aço brasileiro começa em abril. Hoje, o presidente da Frefer, segunda maior distribuidora independente de aço do País, Christiano da Cunha Freire, revelou à Agência Estado que as siderúrgicas já definiram um cronograma de aumento, que começa com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no dia 1º de abril. A Usiminas programou elevar seus preços em 11 de abril e a ArcelorMittal Brasil fará o anúncio no dia 15 de abril, segundo Freire.
Procuradas pela reportagem, CSN informou que não se pronuncia sobre preços e ArcelorMittal Tubarão disse que não comentaria o assunto. Já a assessoria de imprensa da Usiminas informou que até o momento não encontrou um porta-voz para comentar o assunto.
De acordo com o presidente da Frefer, os preços das bobinas a frio serão elevados em 12% e o das bobinas a quente e de galvanizados, em 10%. Segundo outra fonte que acompanha o mercado de distribuição, os reajustes anunciados pelas siderúrgicas variam de 10% a 15%.
"Acredito que virá um novo aumento logo no início do segundo semestre. O reajuste de abril é muito comportado diante da alta no preço das matérias-primas, do aumento no volume de vendas e da subida violenta que o aço teve no mercado externo", avaliou Freire.
O mercado já esperava que os aumentos dos custos das siderúrgicas decorrentes da alta do minério e do carvão se refletissem em elevação dos preços do aço no mercado interno, reproduzindo um cenário que já ocorre no exterior. Segundo a fonte que pediu para não ser identificada na reportagem, os valores do aço no mercado internacional subiram, gradualmente, 40% desde novembro do ano passado. Conforme o presidente da Frefer, o preço médio do aço no mercado internacional saltou de US$ 610 por tonelada em janeiro para US$ 735 este mês.
Na semana passada, o Credit Suisse informou, em relatório, considerar provável que houvesse aumentos nos preços do aço no mercado doméstico neste ambiente de alta dos custos com matérias-primas. O banco de investimentos citou que recentes mudanças na taxa de câmbio e nos preços internacionais do aço levaram a uma redução significativa do prêmio do produto do mercado interno.
Durante a divulgação dos resultados de 2009, a CSN divulgou que o aço vendido pela empresa no mercado interno poderia ter reajuste de dois dígitos. Já a Usiminas disse que iria avaliar a questão de preços no momento em que ocorressem as prováveis altas das matérias-primas, apesar de ainda esperar cenário de estabilidade nos valores do insumo no Brasil.
Hoje, o presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que espera que o reajuste do minério seja fechado até o fim de abril. A Vale propõe modelo baseado em médias trimestrais de preços, segundo Agnelli. O executivo reiterou que a produção de minério não está acompanhando a demanda pela commodity. Diante da disparada no preço do minério no mercado à vista (spot) frente ao valor do produto negociado em contratos de longo prazo (benchmark), a Vale estaria buscando aumentos acima de 100%, conforme o mercado.
A fonte que pediu para não ser identificada disse ter sido informada por siderúrgicas japonesas e europeias que esse patamar de reajuste buscado pela Vale deve ser aceito por essas empresas, considerando que o mercado de minério de ferro é praticamente abastecido apenas por três fornecedores. Juntas, Vale, Rio Tinto e BHP Billiton dominam 70% do mercado transoceânico da matéria-prima. O fato de as siderúrgicas brasileiras já terem divulgado aumentos para a primeira quinzena de abril seria uma sinalização de que o reajuste do minério está para ser anunciado, conforme a fonte.
Fonte: Agência Estado
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