Em meio à pandemia de coronavírus e à forte retração econômica mundial que derrubou os preços do petróleo e o consumo de combustíveis, a americana Oil Group planeja construir seis refinarias de pequeno porte no Brasil, com investimentos total de US$ 2 bilhões, nos próximos sete anos. das refinarias privadas no país.
O diretor da Oil Group, Fabiano Diaagoné, disse ao GLOBO que a primeira unidade ficará no Porto do Açu, no norte fluminense, e será construída a partir do segundo semestre de 2021. Receberá de US$ 300 milhões de investimentos e, no pico das obras, deve gerar 2 mil empregos.
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A refinaria terá capacidade de processar 20 mil barris diários de petróleo, com possibilidade de ampliação no futuro.
— Hoje o Brasil consome diesel em alta escala, e a Petrobras não consegue suprir o país só com sua produção. Para a empresa abastecer 100% do mercado nacional sem importações seria necessário uma retração de 40% na demanda — afirmou o executivo da Oil Group.
Sem recursos do BNDES
Desde 1953, não são construídas refinarias privadas no país. A empresa americana pretende construir quatro unidades de pequeno porte, com capacidade para 20 mil barris a 30 mil barris diários, próximas a portos, e duas menores, de 3 mil a 5 mil barris diários, vizinhas à produção terrestre de petróleo.
De acordo com especialistas, as pequenas refinarias vão atender ao mercado local e terão um custo logístico menor, o que pode beneficiar os consumidores.
— Nosso grupo já investe no Brasil em exploração e produção de petróleo. Vemos este momento de baixa preço petróleo e crise como oportunidade de estruturar o refino. É um nicho de mercado bem interessante para nossos projetos — explicou Diaagoné.
Das quatro unidades maiores, além da do Rio, estão em fase de estudo de viabilidade econômica a instalação de uma no Espírito Santo e outra no Maranhão. A quarta unidade e as duas menores ainda não têm localização, mas os estudos estão entre Bahia e Sergipe.
Segundo Diaagoné, a Oil Group não pretende buscar recursos no BNDES para financiar seus projetos, e sim com bancos de desenvolvimento do exterior e fundos de investimentos.
A Petrobras pretende vender oito de suas principais refinarias, com uma capacidade total de processar 1,1 milhão de barris por dia. Com isso, a participação da estatal no mercado de refino no país que hoje é de 99%, cairia à metade.
Impacto nos preços
O ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Décio Oddone considera importante a chegada de agentes privados ao setor de refino.
— A abertura de refinarias de pequeno porte traria uma nova dinâmica para esse mercado, que não vê investimentos privados há muito tempo. A maior dificuldade deve ser o financiamento para projetos que envolvam empresas de médio porte .
Para Marcus D´Elia, sócio da Leggio Consultoria, refinarias menores são positivas para atender demandas locais com preços mais competitivos, pois pelo menos o custo de frete será menor.
A refinaria prevista para o Porto do Açu, por exemplo, diz ele, poderá suprir o mercado de Campos, hoje atendido pela Reduc, que leva o combustível por rodovia.
Fonte: O Globo