O presidente da companhia disse que aportes em siderurgia podem ser feitos, mas de ´forma transitória´
Rio/São Paulo/Fortaleza O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou ontem que a companhia poderá fazer novos investimentos em siderurgia, mas ressaltou que o foco da companhia continuará sendo mineração. A resistência da Vale em aportar mais recursos em usinas a pedido do governo Lula foi o ponto inicial das desavenças que resultaram na saída de Roger Agnelli do comando da empresa. Em seu primeiro encontro com analistas e investidores, Ferreira acenou ainda com possíveis mudanças no plano de investimentos. "Este assunto (siderurgia) sempre merecerá nossa atenção, mas sempre a partir da premissa básica de que a Vale é uma mineradora", disse respondendo a questionamentos sobre a possível influência do governo nas decisões de investimentos da companhia.
Pecém lembrado
O executivo acrescentou que a Vale poderá fazer investimentos na área, porém de "forma transitória". Entre os projetos de siderurgia que a companhia toca atualmente está o da Companhia Siderúrgica de Pecém, no Ceará, em parceria com as sul-coreanas Posco e Dongkuk. O objetivo da empresa é diminuir sua fatia de 50% no empreendimento depois do início da operação, previsto para 2014. "Para nós da Vale, todo dia que tivermos oportunidade de ajudar é interessante, porque estamos desenvolvendo o mercado local. Alguns casos são de conhecimento de todos, como o de Pecém. Já antes do início do projeto, os coreanos já vão ter uma participação muito significativa. O caso da Alpa (Aços Laminados do Pará), que é outro assunto em tela, nós temos discussões. Não estamos tão adiantados como no caso de Pecém, mas certamente acredito que, face as condições particulares daquele projeto, nós teremos interesse de outros investidores", exemplificou, comparando os dois empreendimentos no que concerne à composição acionária.
Ao afirmar que o plano de investimentos pode sofrer ajustes, o executivo argumentou que a Vale buscará atuar em áreas que sejam mais lucrativas. "Temos uma linha clara, procurando dar ênfases a setores que a Vale acredita que terão melhor desempenho", disse, garantindo, entretanto, não ter intenção de paralisar nenhum projeto no curto prazo.
No início do mês, executivos da empresa informaram que o plano poderia ficar mais perto de US$ 20 bilhões, do que dos US$ 24 bilhões previstos.
Fertilizantes
Durante o encontro, Ferreira defendeu uma maior atuação da Vale em projetos de carvão, fertilizantes e cobre. Um estudo sobre a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da Vale Fertilizantes deve ficar pronto em 60 dias, revelou. Com o levantamento em mãos, o executivo deve decidir pela abertura ou não da empresa.
Perguntado sobre as críticas de que sua indicação para a Vale teria tido motivação política, o executivo defendeu-se destacando sua trajetória de 12 anos na companhia e afirmou não ter tido nenhuma conversa com a presidente Dilma Rousseff sobre sua condução ao comando da mineradora. "Li sobre isso na imprensa, mas posso garantir que nunca conversei com ela sobre esse tema ou qualquer outro", rebateu. O tom das declarações de Murilo, salientando a preocupação com o retorno ao acionista, agradou o mercado. Os papéis preferenciais da Vale fecharam em alta de 0,60%.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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