A pandemia do coronavírus afetou o comércio exterior brasileiro, atingindo principalmente os importadores. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 70% dos importadores e 57% dos exportadores foram prejudicados pela crise.
A sondagem questionou os empresários sobre os efeitos nos meses de abril e maio. Entre os exportadores que disseram terem sidos afetados, 40% registraram queda no valor exportado superior a 50%. Já entre os importadores atingidos, 26% registram queda maior do que 50% no valor importado no período.
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“Embora o comércio exterior tenha sido afetado pela pandemia, ele terá papel fundamental na retomada do crescimento econômico e na geração de emprego e renda. A crise é uma oportunidade para a empresa brasileira incorporar a internacionalização na sua estratégia de negócios”, acredita o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.
Expectativas
Para 36% dos exportadores ouvidos, a expectativa é de que os impactos negativos da pandemia permaneceriam em junho e julho. Desses, 37% disseram esperar uma redução no valor exportado acima de 50% nesse período. Já 29% das empresas acreditam que, enquanto as vendas foram afetadas no início da pandemia, já estão se recuperando. Outros 30% disseram que não serão afetados pela pandemia.
Também 36% dos importadores consultadas disseram esperar impactos negativos em junho e julho, sendo que 34% projetam queda acima de 50% nas compras do exterior no período. Outros 24% acreditam que as importações estão se recuperando e 19% disse que não serão afetados pela pandemia.
A pesquisa também mediu os impactos do coronavírus sobre investimentos ou produção no exterior. Das empresas consultadas, 70% disseram que os aportes foram prejudicados entre maio e abril. Os investimentos de 49% das empresas consultadas serão afetados pela pandemia entre junho e julho. Já 18% acreditam que, embora tenham sido prejudicados pela pandemia, já estão se recuperando.
Destinos
A redução nas vendas ao exterior é maior para os países que o Brasil exporta mais produtos manufaturados. Enfrentando uma crise interna antes mesmo da pandemia, a Argentina lidera os destinos com maior registro de queda nas vendas brasileiras – 34% das empresas indicaram que as exportações para o país vizinho foram reduzidas.
A lista tem ainda Bolívia (23% das empresas apontaram queda), Chile (21%), Estados Unidos (21%), Peru (21%), Colômbia (19%), Paraguai (19%), México (12%), Equador (10%) e Uruguai (10%).
Na importação, 58% das empresas afetadas reduziram as compras da China, que é a principal origem dos produtos importados pelo Brasil. As empresas reduziram ainda as compras dos Estados Unidos (29% dos importadores), Alemanha (22%), Argentina (10%), Itália (10%), Coreia do Sul (9%), França (7%), Índia (7%), Taiwan (7%) e México (4%).
Já as reduções de investimentos ocorreram principalmente na China (para 35% das empresas), Estados Unidos (30%), Alemanha (13%), Colômbia (13%), México (13%), África do Sul (9%), Argentina (9%), Chile (9%), Inglaterra (9%) e Peru (9%.
Fonte: Estadão