Depois de amargar uma forte queda nos embarques de frutas frescas ao exterior em 2011, a fruticultura brasileira espera ao menos estancar a queda e repetir o desempenho das exportações no ano que vem, ainda que as incertezas da economia europeia, principal mercado para as frutas nacionais, inspirem cautela.
Entre janeiro e novembro deste ano, as exportações brasileiras de frutas alcançaram 611,8 mil toneladas, retração de 12,29% sobre o mesmo período de 2010, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Ao fim de dezembro, os embarques devem totalizar cerca de 720 mil toneladas.
De acordo com Maurício de Sá Ferraz, gerente da central de serviços de exportação do Ibraf, a combinação entre câmbio apreciado e mercado interno aquecido resultou num ano "totalmente atípico" para o segmento.
"Com o real valorizado e o mercado interno mais robusto, ficou mais vantajoso vender a fruta no país", afirma Ferraz, para quem a força do mercado interno deve "equilibrar as contas da cadeia de frutas". Segundo ele, os brasileiros absorveram cerca de 200 mil toneladas da produção nacional destinada à exportação. Ao todo, o consumo nacional de frutas está estimado em 4,2 milhões de toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE).
Além das condições de mercado, o clima também prejudicou as exportações de frutas importantes como o melão e maçã, que viram os embarques ao exterior caírem, em volume, 46,41% e 7,35%, respectivamente.
No caso da maçã, cuja produção foi afetada pela ocorrência de geadas e granizo na região Sul do país, as exportações saíram de 90,8 mil toneladas entre janeiro e novembro de 2010 para 46,6 mil toneladas neste ano. Já em relação ao melão, principal fruta da pauta de exportações brasileira, os embarques recuaram de 149,4 mil toneladas para 138,4 mil toneladas no mesmo intervalo.
Ainda que a redução das exportações deva se repetir no caso da maçã, mais uma vez afetada por problemas climáticos, o Ibraf prevê manutenção dos embarques totais de frutas em 2012 - em torno de 750 mil toneladas.
"O dólar voltou a um patamar razoável, entre R$ 1,85 e R$ 1,90, muito melhor dos que os patamares de R$ 1,50 praticados em parte deste ano", avalia Ferraz.
Para que o ritmo de embarques seja mantido, no entanto, o gerente do Ibraf alerta para a situação europeia. "Não acredito que essa crise deva perdurar por muito mais tempo, mas não podemos manter esse nível de dependência", diz ele. De acordo com o Ibraf, a União Europeia consome 75% das exportações totais de frutas do Brasil.
De olho nessa dependência, Ferraz revela esforços do segmento junto ao Ministério da Agricultura para "abrir novos mercados", citando as exportações de limão tahiti para os EUA e para o mercado asiático.
Fonte: Valor Econômico/Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
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